O impasse continua. Mais de três meses após o início das negociações com o Sindicato patronal de Rádio e TV de São Paulo, os jornalistas continuam sem reajuste. Na oitava rodada, o Sindicato dos Jornalistas apresentou a quarta proposta de reajuste salarial (índice de 14,86%, contra os 24% definidos inicialmente na pauta de reivindicações) e receberam, mais uma vez, a resposta do coordenador da bancada patronal, Edmundo Lopes, de que a proposta estava rejeitada.
Mais uma vez, também, os representantes das empresas repetiram o argumento de que não estavam autorizados pela assembléia patronal a oferecer nada além dos 5,8% como índice de reajuste, e que qualquer ganho acima da inflação do ano passado teria que ser considerado apenas na forma de abono, acrescentando-se algo aos 35% já oferecidos.
Ao final da reunião, o presidente do Sindicato, Fred Ghedini, apelou aos representantes dos empresários para que fizessem uma nova proposta acima do índice proposto.
Contorcionismo numerológico
A última reunião de negociação foi longa, com quase duas horas de duração. Boa parte do tempo foi consumido com a esgrima de números, em que os representantes das empresas tentavam provar que praticamente não houve perdas na remuneração dos jornalistas nos últimos anos, particularmente dos jornalistas que ganham menores salários.
"Voltamos, assim, ao ponto de partida. Aguardamos que as empresas ofereçam um índice de reajuste decente, que pelo menos inicie a reposição do montante das perdas apuradas, além do abono e outros benefícios que queiram conceder. Só assim poderemos superar esta situação que já vai se tornando bastante desgastante para todos e que pode acabar influenciando negativamente a qualidade da própria produção jornalística", informou o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo.