O jornalista Jorge Zicolillo foi processado por tentativa de fraude por ter publicado duas notas na extinta revista TXT, como se fosse um enviado especial ao Iraque. Zicolillo, na realidade, nunca deixou a Argentina naquele período.
A própria revista denunciou o jornalista e pediu desculpas aos leitores. O caso de fraude se transformou em delito penal quando o jornalista tentou cobrar pela publicação das matérias, segundo La Nación.
O caso se assemelha ao de Jayson Blair, que foi despedido do The New York Times, em maio de 2003, por inventar matérias.
Zicolillo teve seus bens tornados indisponíveis e até Susana Kaluzynski, noiva do jornalista, acreditava que ele esteve no Iraque. Ela recebia e-mails do jornalista dizendo para que ela ficasse tranqüila, porque ele estava bem. Quando de seu "retorno da guerra", disse à noiva que tinha visto coisas muito desagradáveis sobre as quais não gostaria de falar. Susana respeitou o noivo e não insistiu muito para que ele contasse o que vivenciou.
"Resistir por Alá" e "Filhos de Saddam" foram as matérias escritas pelo suposto correspondente no Iraque.
As suspeitas
Rodrigo Lloret, editor de internacional de TXT, começou a suspeitar de seu correspondente. Além de nunca ter sido visto no Iraque por nenhum outro jornalista, o argentino não fornecia nenhum contato naquele país, nem mandava fotos. Os jornais Le Monde e L´Express confirmaram que ele não trabalhava para aquelas publicações e que ninguém o conhecia por lá. O argentino afirmava que foi para o Iraque trabalhar para as duas publicações.
O serviço de imigração confirmou que o jornalista não saiu da Argentina, no período em que escreveu suas matérias do Iraque. Mas, o jornalista negou tudo em um e-mail enviado ao La Nación, em maio de 2003, afirmando que não iria mais escrever porque se negava a trabalhar mais pelo mesmo salário e diante de tanta pressão. "Optei por deixar de trabalhar para eles. A denúncia surgiu porque insisti que me pagassem o que me devem", defendeu-se o jornalista argentino.
A denúncia contra Zicolillo foi apresentada por Alejandro Granica, presidente da Capital Intelectual, a sociedade que editava a revista TXT, fechada no final do ano passado.
Fonte: Knight Center for Journalism in the Americas e La Nación