Jornalistas e técnicos da Rádio e Televisão de Portugal (RTP) e da Radiodifusão Portuguesa (RDP) decidiram iniciar uma greve contra um novo Acordo Coletivo de Trabalho. A paralisação terá ínicio à 00h00 do próximo dia 19 de fevereiro, por tempo indeterminado, dois dias antes das eleições legislativas portuguesas.
A decisão foi tomada hoje (17/02), em uma assembléia convocada pelo Sindicato dos Jornalistas (SJ), Sindicato dos Trabalhadores de Telecomunicações e Comunicações (STT) e Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisual (SINTTAV), três dos 13 sindicatos da televisão pública que consideram que o acordo retira direitos dos trabalhadores.
O presidente da RTP, Almerindo Marques, garantiu que não volta atrás na sua posição e que o acordo vai ser assinado na próxima semana, com os outros sindicatos que aceitam a proposta.
O presidente da Federação Européia de Jornalistas (FEJ), Arne König, declarou, na tarde de hoje, que os jornalistas europeus apóiam a greve dos seus colegas portugueses da RTP e da RDP, pela defesa dos seus direitos e do setor de comunicação pública.
“É essencial para a defesa do serviço público de radiodifusão que os empregadores sejam responsáveis e não cometam atos contra o interesse do setor público de comunicação”, disse o presidente da FEJ, que classificou a intransigência do conselho de administração da RTP como “não aceitável”.
Arne König acrescentou: “Na Europa, os sindicatos negociam acordos coletivos e a administração não pode excluir o sindicato dos jornalistas, ou qualquer outro, do processo de negociação. Insistimos em que a administração reabra as conversações, particularmente porque os operadores públicos devem garantir o respeito pelos direitos sociais e pela qualidade da informação”.
A FEJ comunicou a sua posição e o apoio à greve ao ministro da tutela, Morais Sarmento, e ao presidente do Conselho de Administração da RTP, Almerindo Marques, e apelou a todos os sindicatos europeus de jornalistas para manifestarem o seu apoio. A FEJ representa cerca de 280.000 mil jornalistas em 33 países da Europa.
A greve na RTP e na RDP conta também com o apoio da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ).