A Folha de S. Paulo e a UOL (Universo Online) se fundiram e passaram a integrar uma holding, a Folha-UOL S.A., o segundo conglomerado de mídia do Brasil, com faturamento estimado em R$ 1,3 bilhão. A Portugal Telecom assumiu, no início do ano, 21% da participação da empresa, tornando-se a primeira companhia estrangeira a ter presença acionária em um jornal brasileiro de grande circulação desde a alteração feita na Constituição, em 2002, que permite uma participação máxima de 30% de capital estrangeiro em empresas nacionais de comunicação.
A família Frias, que já era controladora dos dois grupos, detém os outros 79% e continua com o controle da holding, que mantém o compartilhamento do controle do jornal Valor Econômico com as Organizações Globo e permanecerá com a Gráfica Plural, em sociedade com a norte-americana Quad Graphics.
A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) se pronunciou oficialmente sobre a transação, afirmando que "a operação é preocupante, pois, com significativa presença na mídia brasileira, a Portugal Telecom também tem participação acionária na operadora de telefonia "Vivo", que tem como acionista majoritária a espanhola Telefonica. Tal negociação abre um precedente perigoso, a possibilidade de produção de informações por um serviço de telefonia cuja concessão tem outros fins e habilitações".
A Federação lançou também uma dúvida: "talvez por isso o diário paulista tenha promovido, no ano passado, um processo de demissões em massa. E também por isso a FENAJ tem nova preocupação. Na esteira de tal negócio não virá mais exploração e precarização do trabalho dos jornalistas?".
A entidade faz um alerta de que "é preciso muita atenção dos jornalistas e da sociedade a esta operação comercial, pois, além de trazer conseqüências ao mercado de comunicação, pode também trazer graves prejuízos ao direito da sociedade à informação".