"Qualquer avanço, agora, depende do interesse dos jornalistas", avisou o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo após a dura rodada de negociações realizada na tarde de hoje (14/01), entre o Sindicato dos Jornalistas e o sindicato patronal de Rádio e TV.
Os representantes patronais mantiveram a proposta feita anteriormente aos jornalistas: 5,8% de reajuste para todos os salários e um abono de 35%, com um teto que varia de acordo com o número de jornalistas em cada redação.
A posição das empresas foi manifestada após a apresentação, por parte da Comissão de Negociação dos jornalistas, de uma nova proposta de índice de reajuste para os salários de 17,06 %, mais o abono de 35% já oferecido pela bancada patronal em rodada anterior.
A reunião começou com a apresentação, por parte do presidente do Sindicato dos Jornalistas, Fred Ghedini, do presidente da FENAJ, Sérgio Murillo, que veio a São Paulo especialmente para participar das negociações.
"Fui enviado pela direção da Federação para acompanhar de perto essa negociação, pois temos observado que os maiores problemas nas negociações salariais em todo o País ocorrem justamente no segmento de Rádio e TV. E a negociação em São Paulo é decisiva para os demais Sindicatos. Por isso a FENAJ está muito atenta, oferecendo todo o apoio que São Paulo necessitar nessa luta", disse Murillo.
Já o coordenador da bancada patronal, o representante da Rede Globo, Edmundo Lopes, ao responder aos argumentos e à proposta apresentada em nome dos jornalistas, disse que "seria ocioso convocarmos uma assembléia dos representantes das empresas para apreciar um índice como este, pois já sabemos que a resposta é não".
Os representantes dos jornalistas, entre eles o presidente do Sindicato, Fred Ghedini, deixaram claro para as empresas que a categoria não vai abrir mão de recuperar as perdas salariais dos últimos anos. "Até deixamos de lado qualquer reivindicação de aumento real, mas não das perdas", disse Ghedini. Aliás, o índice de 17,06% é exatamente a soma dos 5,8% do INPC mais as perdas acumuladas nos três últimos anos para os maiores salários.
A posição das empresas é que o índice de reajuste não pode ser muito diferente do que já foi oferecido, embora haja margem para alguma mudança. Em nome pessoal, Edmundo Lopes disse que vê também alguma possibilidade de se mexer no percentual de abono. E, finalmente, acrescentou que as empresas também não abrem mão da compensação de horas, como está na Convenção que venceu em 30 de novembro último.
Ao final, marcou-se nova rodada de negociação para o dia 27 de janeiro. Paralelamente, o processo de dissídio corre no Tribunal Regional de Trabalho, embora as duas partes tenham manifestado claramente a intenção de chegar a um acordo. Para a direção do Sindicato, está claro que o desenlace da situação depende, mais do que nunca, da intensidade do interesse demonstrado pelos jornalistas em obter maiores conquistas.