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12/01/2005
Tsunami: focas em pânico e o Jornalismo de verdade
 

O tsumani pegou todos de surpresa. As redações brasileiras não foram exceção. No dia 26 de dezembro, as nossas já esvaziadas redações estavam desertas, povoadas por focas, estagiários de plantão e alguns jornalistas de castigo. Mas, como as  tragédias não marcam hora para acontecer, o tsumani pegou a nata do jornalismo brasileiro na praia ou descansando da cansativa entrevista coletiva com Papai-Noel, longe do mundo e das notícias.

Jornalistas passam a vida esperando a “grande onda” e quando ela chega, eles estão dormindo na praia e quem pode surfá-la são os focas, que tomaram “caldos” incríveis. Castigo dos deuses.

Passado o período de merecido descanso dos chefes, meia dúzia de correspondentes brasileiros foram enviados ou deslocados para a região afetada. A decisão de alguns grandes veículos parece ter sido pautada mais por motivos de economia de recursos do que por razões jornalísticas. O objetivo principal parece ter sido evitar a compra de material internacional, mas não provocou grande alteração na cobertura. O material internacional continuou sendo imprescindível e diferenciado.

Só para uma das regiões afetadas, a CNN mandou uma equipe de 20 profissionais. Mas não é do primeiro mundo da notícia que vem o melhor exemplo do jornalismo de verdade; vem da própria Indonésia. O repórter do jornal “El Mundo”, David Jiménez, que vem fazendo uma cobertura diferenciada do desastre e que denunciou a “política dos turistas e ricos primeiro” na estratégia de resgate, relatou o exemplo ímpar dos colegas do jornal Serambi da Indonésia.

A principal notícia da vida do Serambi Indonésia chegou em forma de uma onda gigante, arrasou a redação e inundou tudo. Ajurdin Syam, que há uma década dirige o jornal, disse ao jornalista do “El Mundo” que nas horas que se seguiram à tragédia só pensava em duas coisas: “Pensei em minha família e como fazer o jornal”.

Ajurdin encontrou com vida a sua mulher e seus três filhos, mas o jornal não saiu no dia seguinte. Somente seis dias depois o jornal voltou a circular. Foi uma edição extraordinária que demonstrou mais uma vez o espírito de resistência de um grupo de repórteres que enfrentaram décadas de guerras, a constante ameaças contra as suas vidas, a escassez de recursos e finalmente o grande tsunami.
 
A sede do jornal foi atingida um pouco antes das oito horas da manhã. A onda inundou o jornal. As recepcionistas e o pessoal da segurança morreram na hora, assim como um grupo de repórteres que já havia chegado para o trabalho.
 
Outros foram surpreendidos na parte baixa da cidade ou na residência dos proprietários do jornal, que fora colocada à disposição dos empregados, hoje completamente destruída. No dia seguinte ao maremoto, 60% dos trabalhadores do jornal haviam desaparecido.
 
Os sobreviventes reuniram-se, conseguiram um local emprestado distante três horas do centro e com uma rudimentar impressora rodaram o Serambi. Em primeiro de janeiro, os habitantes de Banda Aceh, puderam ler a primeira edição do jornal após o Tsunami. A manchete alertava sobre a ameaça da cólera entre os sobreviventes e uma nota pedia aos jornalistas que estavam vivos que se comunicassem com o jornal. O número de baixas no jornal foi de meia centena de pessoas.
 
“Trabalhamos sem descanso, inclusive os que haviam perdido os seus familiares. Pensávamos que em meio à tragédia, nossos leitores precisavam de nós mais do que nunca”, revelou Ajurdin na nova redação improvisada do diário.
 
O jornal, que é de propriedade de um grupo de comunicação Indonésio, ressurgiu de forma gratuita, com uma circulação limitada de cinco mil exemplares - eram 25 mil antes da tragédia - e sem publicidade. A maioria das empresas que anunciava no jornal estava destroçada e os membros do departamento de administração encarregados das contas haviam morrido, junto com outras mais de 100 mil pessoas da província.
 
A produção do jornal se converteu em uma missão social para os trabalhadores do jornal acostumado às dificuldades. Durante seus primeiros anos de existência, sob a ditadura de Suharto, foi publicado clandestinamente, convertendo-se no único guardião da liberdade de imprensa em meio a uma região de conflitos.
 
As páginas do Serambi oferecem listas de mortos, anunciam onde e como receber ajuda humanitária que está chegando na província, publicam informações sobre feridos e mantém informado o povo que se sentia abandonado. 
 
A atual redação do Serambi é muito diferente dos grandes veículos estrangeiros, inclusive das nossas. Suas instalações são modestas, três cômodos, e o diretor prepara o café, corrige textos e sai à rua para colher depoimentos. “Desde o maremoto, o jornal se converteu em um símbolo de tenacidade e um exemplo de que voltar a sonhar é possível”, escreveu o jornalista do “El Mundo”, David Jiménez.

De fato, dá até para sonhar que o Jornalismo de verdade não morre jamais, mesmo com as redações destruídas ou esvaziadas...

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