Há mais de duas décadas, no tempo em que milhões de pessoas ainda acreditavam que a chegada de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência do Brasil mudaria o País e reduziria drasticamente as injustiças sociais, privilégios e outras mazelas, ocorreu o seqüestro do mega empresário Abílio Diniz. Toda a imprensa sabia do seqüestro, mas ficou de bico calado até a sua libertação. Foi um pedido da família do grande anunciante. Todos os reflexos do seqüestro, inclusive sua influência no mercado de câmbio, foram creditados ao, na época, “sapo barbudo”.
O espetáculo em que se transformou o desfecho do seqüestro de Abílio Diniz muito contribuiu para que Lula não chegasse à Presidência da República. Afinal, camisetas do PT teriam sido encontradas no cativeiro. Na época, a imprensa brasileira se manteve completamente afastada do caso até o momento de ser usada como instrumento político para afastar do poder um projeto que prometia dar novos rumos ao Brasil. Aí o espetáculo veio com tudo.
Agora, no caso Robinho, a imprensa se afastou novamente do seqüestro. Robinho foi inteligente ao fazer o pedido emocionado, caso contrário teria ficado louco, não pelo seqüestro de sua amada mãe, mas pelo espetáculo que a imprensa teria feito do triste e lamentável fato. Se, por um lado, Robinho não é um mega anunciante, nem poderia cortar as verbas do veículo que divulgasse o caso, é um ídolo amado em todo o País.
A imprensa espetáculo se mancou e ficou longe do caso. Foi uma decisão correta não ficar infernizando a vida do nosso craque e fazer do fato um espetáculo para atrapalhar o caso, enlouquecer o jogador e sua assessoria de imprensa.
Agora, apesar de não existir nenhum “sapo barbudo” assustando nossas elites e seus privilégios, o espetáculo chegou com tudo. Pobre Robinho, passada a angústia de ter sua mãe seqüestrada, agora terá que enfrentar a imprensa espetáculo. Boa sorte craque, que Deus te proteja!
Talvez a imprensa tivesse outro papel a desempenhar em casos assim, bem distinto do sensacionalismo e em prol da verdade.