“A libertação de Raúl Rivero é uma excelente notícia para os democratas do mundo inteiro", declarou a organização RSF (Repórteres Sem Fronteiras). Para a organização, a libertação do mais famoso preso político cubano, “é o final de uma profunda injustiça com um grande jornalista e homem das letras. Esperamos que os outros 24 jornalistas, que continuam presos em Cuba, sejam libertados rapidamente”. A RSF pediu ainda à União Européia para que continue condicionando suas relações com Havana à uma melhora da situação na questão dos direitos humanos, liberdades políticas e ao respeito ao pluralismo democrático.
Raúl Rivero foi libertado na manhã de hoje (30/11). Segundo declarações de sua mulher, Blanca Reyes, à Agência Associated Press, ele foi libertado por questões de saúde. O jornalista e poeta foi transferido no último dia 26 de novembro ao hospital da prisão de Combinado del Este, em Havana, em companhia de de outros dissidentes, dois dos quais foram libertados. Outro jornalista, Oscar Espinosa Chepe , que estava hospitalizado em Combinado del Este, também foi posto em liberdade ontem (29/11).
Raúl Rivero foi preso em 20 de março de 2003, junto com outros 74 dissidentes, dos quais 26 eram jornalistas. Em 4 de abril foi condenado a 20 anos de prisão, por “atos contra a independência e a integridade territorial do Estado". Foi acusado de escrever artigos "tendenciosos" em publicações estrangeiras. "Não conspiro, escrevo", se defendeu o jornalista. Ele estava preso na prisão de segurança máxima de Canaleta. Desde então, seu estado de saúde piorou e o jornalista perdeu cerca de 40 quilos.
O jornalista ganhou o Prêmio Repórteres Sem Fronteiras
Raúl Rivero é ex-jornalista da agência oficial Prensa Latina, da qual foi correspondente em Moscou entre 1973 e 1976. Ele abandonou a UNEAC, a associação oficial dos jornalistas e escritores cubanos, em 1989. Em 1991 rompeu definitivamente com o regime, assinando a “Carta dos dez intelectuais", que pedia ao presidente Fidel Castro a libertação dos presos políticos e a reforma do regime socialista. Dos dez intelectuais que assinaram o documento, ele é o único que permanece em Cuba. Apesar do governo ter acenado com a possibilidade de conceder uma autorização para que o ele deixasse o país, o que Raúl Rivero recusou.
Em setembro de 1995, criou uma das primeiras agências independentes de notícias, a Cuba Press, que nunca foi reconhecida pelas autoridades cubanas. Em 1997 recebeu o Prêmio Repórteres Sem Fronteiras, por suas atividades em favor da liberdade de imprensa em seu país.