Google

 
 
  Extra! Extra!
  Pesquisa
  Espaço La Costa
  Entrevista
  Sindicatos
  Conselho
Federal
  Manual de
Direito
  Legislação
  Documentação de Jornalista
  Links
  Contato

 
 
26/11/2004
Despedida de Ricardo Kotscho do governo Lula
 

O jornalista Ricardo Kotscho deixou hoje (26), o cargo de secretário de Imprensa e Divulgação da Presidência da República. Na despedida, o presidente  Luiz Inácio Lula da Silva fez um emocionado agradecimento ao jornalista. Leia abaixo a fala de Lula na saída de Kotscho:

Presidente - Na campanha de 89, o meu Exército de Brancaleone – eu, ele, o Espinosa, o Graziano – descemos no Aeroporto de Confins e fomos fazer uma baldeação, não é isso? E com o único dinheiro que nós tínhamos, ele queria tomar cerveja e, o que nós tínhamos, só dava para comprar uma porção de amendoim. E eu falava: “Ricardo, para que comprar amendoim?”. Ele falava: “Porque se a gente fica muito tempo sem comer, dá mau hálito”. Então, ele vive mastigando, por isso ele está gordinho assim. Pode fazer um discurso aí, Ricardo.

Ricardo Kotscho: Eu nunca falo, hoje tive que falar duas vezes, não é? Eu só queria agradecer, Presidente... A gente se conhece...

Presidente:  O Ricardo Kotscho tem uma história, que é o seguinte: ele nunca vai embora definitivamente. O máximo que ele consegue fazer é ficar distante um tempo, se reciclar, ir para um spa, fazer um tratamento para ficar mais bonito.

Bem, eu acho que vocês da imprensa, tanto quanto nós, aqui, que trabalhamos com o Ricardo Kotscho há muitos e muitos anos, sabem o que essa figura representa, como homem, como jornalista e como companheiro.

Para mim, como companheiro, é sempre difícil. Eu já não quis fazer despedida para outros. Quando o Grazianinho foi embora... o Grazianinho está comigo desde 1982, parece uma sarna. Essa pessoas vão grudando na gente que nem marisco. E por mais que você balance as pernas, não caem. Vira e mexe, roda, estão de novo junto.

Então, tem uma turma, aqui, que é um pouco isso. O Ricardo Kotscho, eu nunca o vi como assessor de imprensa, eu vi o Ricardo Kotscho como um companheiro de todas as horas difíceis.

O Ricardo é daquelas pessoas que ligam para dar boa notícia todo santo dia, ou seja, ele não pode pegar uma boa notícia que ele quer informar a gente, mas é também o companheiro que se preocupa com os momentos difíceis. Ou seja, se vocês são amigos do Ricardo Kotscho, e num belo dia ele souber que vocês estão com alguma dificuldade, vocês podem ter certeza que ele pode até não ser o primeiro a dar um telefonema, porque o primeiro foi o cara que deu o recado para ele, mas, certamente, ele será o segundo ou o terceiro companheiro a se preocupar com a vida daqueles que estão perto, com a vida dos companheiros dele.

O Ricardo Kotscho, por problemas pessoais, com medo, obviamente, de perder a Marinha, porque está há muito tempo longe de casa, ele fica toda hora reclamando: “a Marinha está com saudade”. Ele quer ir embora, não tem como.

E agora, também, ele me disse que a netinha liga para ele todo dia: “oh, vovozinho, eu te amo”. Mas, ele vai perceber que, quando ele estiver vendo a netinha todos os dias, ela vai falar para ele: “oh, vovô, vai embora daqui”. Ele vai perceber que era melhor ficar com essa saudade. Não quis ficar, vai pagar o preço.

Então, o Ricardo me comunicou: “olha, Presidente, eu estou precisando voltar para casa, eu estou há dois anos longe da Mara e eu acho que está na hora de voltar”. Todo mundo sabe que o Ricardo perdeu a mãe há pouco tempo. A Mara era a nora que era filha, porque cuidava da mãe dele, mesmo doente, como, às vezes, poucos filhos cuidam. Então, acho que é um direito dele voltar para casa. É um direito que ele vá escrever. Eu espero que não seja mais um livro daqueles que nem ele lê. Tem que ser um livro bom, de qualidade, com muitas informações, muitas passagens da vida para contar, muitos ensinamentos para os jornalistas novos que estão começando a sua profissão. Acho que você tem condições de ajudar bastante.

Agora, Ricardo, eu quero te dizer o seguinte: você vai deixar saudades, porque nem sempre a gente tem com quem brincar. E o Ricardo é daquelas pessoas que, quando a gente brinca, ele nunca se ofende com qualquer brincadeira, qualquer que seja ela.

Eu acho que o Ricardo, todo mundo conhece, é um companheiro catalisador de amizades. Eu duvido que tenha alguém que não goste do Ricardo Kotscho. Pode não gostar por outro motivo, mas pelo tratamento que ele dá às pessoas, eu acho que todo mundo termina tendo um carinho excepcional com o Ricardo Kotscho. O Ricardo vai embora, mas não vai, essa é a verdade, porque o Ricardo é daquelas pessoas que, mesmo estando longe, estará por perto, porque eu tenho certeza que, quando tiver qualquer necessidade, ele estará à disposição para trabalhar de uma forma mais barata do que o salário que ele ganha hoje, aqui, porque será trabalhar de graça, prestar favor ao governo.

Eu confesso a vocês que alguns companheiros meus que vieram para cá, na área de imprensa, não vou dizer das outras áreas, não; mas é muito difícil. Eu não sei se vocês sabem, mas você conseguir trazer um jornalista que habitualmente ganhava num jornal 20 ou 30 trinta mil reais, para vir ganhar 7 mil reais bruto, sem nenhuma propina e sem nenhum contrato terceirizado, não é fácil. Você não tem muita gente carimbada, no Brasil, disposta a fazer esse sacrifício, a não ser por idealismo.

Eu vou citar duas figuras públicas, aqui, o Fábio está aqui, o André Singer não está aqui. Quando você consegue convencer pessoas que poderiam estar numa redação ganhando 30 mil reais por mês, 25 mil, 20 mil, e você convida o cara para trabalhar e ele não pergunta quanto é o salário e chega aqui para ganhar 7 mil, efetivamente esses fazem parte de uma comunidade muito pequena no Brasil, e só muita motivação política pode permitir que a pessoa faça um esforço desses. Além de ficar fora, ficar longe de casa, longe das filhas, ficar longe, agora, da neta, ficar longe da mulher.

Então, eu acho que todos nós somos agradecidos ao companheiro Ricardo Kotscho pelos bons trabalhos prestados. Se vocês da imprensa, em algum momento, ficaram zangados com o governo, com o Presidente da República, porque não tinham a informação ou porque não tiveram a entrevista que queriam ter, a culpa não é do Ricardo Kotscho, porque não tem ninguém que brigou mais para eu dar entrevistas do que o Ricardo Kotscho; ninguém insistiu tanto para eu dar entrevista coletiva. Se dependesse dele, eu ficaria das 8 horas da manhã às 8 horas da noite, todos os dias, conversando com a imprensa.

De forma que eu acho que vocês também perdem aqui, no governo, não o jornalista, secretário de imprensa, vocês perdem um companheiro. E eu acho que o Ricardo Kotscho vai deixar saudades mas, certamente, ele deixou muitos ensinamentos para vocês, para nós, e para a nossa relação.

Eu acho que ele vai continuar sendo meu consultor, não espiritual. Indiretamente, na hora em que eu precisar, saberei o endereço e o telefone dele. De forma, Ricardo, que isso aqui é uma coisa singela, humilde, da família Silva. Até porque, se nós quiséssemos fazer uma festa, para agradecer por tudo que você tem nos ajudado, ao longo desses 25 anos, seria pouco, nós não teríamos dinheiro nem teríamos lugar para fazer essa festa.

De forma que eu quero te agradecer. Certamente você vai ter muita saudade das brigas com o José Dirceu, certamente você vai perceber que o mau humor da Mara com você vai ser mais duro do que o meu mau humor com você.

Mas, de qualquer forma, eu acho que você vai deixar saudades. Eu não vou colocar uma fotografia tua atrás da minha sala, ali, porque não fica bem.

Eu queria fazer isso aqui, eu não participei de nenhum jantar teu porque não tinha tempo, esses últimos 15 dias foram muito difíceis, muita agenda, muita gente de fora. Eu pensei que o Gilberto ia trazer, no seu último dia, um uísque para você beber, sinceramente, eu pensei que ele ia quebrar o protocolo. E não tem nenhuma cervejinha, Ricardo, então, vai na base do suco mesmo, faz de conta que era um uísque que você estava tomando aqui.

Quero te agradecer na frente dos teus companheiros da imprensa, te agradecer em nome pessoal, em nome da Marisa, por tudo o que você significa na nossa relação.

O Ricardo, que vive conosco há tantos e tantos anos, que já viu tantas coisas boas e tantas coisas ruins, certamente continuará nosso companheiro de sempre. O Stuckinha deve ficar muito triste com a saída do Ricardo Kotscho, não vai guardar nenhuma fotografia dele. E eu acho que o Palácio do Planalto já está com saudades.
 
Muito obrigado.
 
Fonte: Secretaria de Imprensa e Divulgação da Presidência da República

13/08/2017 HOJE, O SITE OJORNALISTA COMPLETA 14 ANOS
26/12/2016 Programa na Rádio USP debate pejotização e estágio em Jornalismo
23/10/2016 Cineclube exibe filme sobre o bloqueio econômico a Cuba
23/07/2016 Chapa 1 vence eleições para a FENAJ
03/07/2016 Gazeta do Povo: STF suspende ações movidas por juízes
03/07/2016 Eleiçoes: Site Ojornalista apoia Chapa 1 - Sou FENAJ
12/06/2016 Paraná: chuva de processos contra jornalistas gera repúdio
06/06/2016 Tribunal dá reajuste de 9,8% para jornalistas de Pernambuco
12/05/2016 De bem intencionados, dizem que o inferno está cheio.
26/03/2016 Jornalistas lançam manifesto em defesa da democracia
www.ojornalista.com.br - Todos os direitos reservados 2003 - por NetMarketing Soluções