O assassino afegão Reza Khan, de 29 anos, foi condenado à forca pelo assassinato de Julio Fuentes e de outros três jornalistas que viajavam com o enviado especial do jornal "El Mundo" ao Afeganistão, em novembro de 2001. O juiz Abdul Bajtari, do Tribunal de Segurança Nacional de Kabul, que condenou o assassino, disse que Khan também violentou a enviada especial do "Corriere della Sera", Maria Grazia Cutuli, antes que ela fosse executada.
O veículo no qual viajavam o correspondente do "El Mundo", a jornalista italiana e dois repórteres da Agência Reuters, o australiano Harry Burton e o afegão Azizula Haidari, foi detido por um grupo de 12 homens armados em 19 de novembro de 2001. O Afeganistão era naquele momento um país sem lei, devido à iminente queda do regime.
O repórter afegão tentou mediar com os assaltantes assegurando que eram todos jornalistas e que não teriam nada contra o povo afegão, mas todos acabaram executados.
Reza Khan afirmou que recebeu ordens do comandante Mohamed Agha para matar os jornalistas. O comandante teria telefonado de um celular por satélite a um superior do regime dos talibans, que ordenou a execução.
"Disparei contra um deles e Mahmud Zar Jan e Mohamed Agha dispararam contra os outros", garantiu Reza Khan. Das doze pessoas que participaram de uma ou outra forma do crime, só Khan e outro membro do grupo, conhecido como Rohullah, se encontram presos. Os outros estão foragidos.
Reza Khan afirmou durante a sua defesa que participou do assassinato dos jornalistas por medo de seus chefes, reconheceu outros de seus crimes - o assassinato de sua esposa e a mutilação de passageiros de um ônibus - e negou ter violentado a jornalista italiana, retratando-se de uma confissão anterior. "Peço clemência porque fui forçado por Mohamed Agha", disse o condenado.
O juiz que condenou Khan afirmou que a participação de outras pessoas não reduz a responsabilidade do condenado. Apesar de ter pedido clemência durante o julgamento, o assassino se manteve impassível ao escutar sua condenação. Os advogados de Khan têm alguns dias para apelar da decisão. A pena de morte foi restaurada este ano no Afeganistão, pelo atual governo de Hamid Karzai.
Fonte: Periodista Digital