O comentarista político do Jornal da Globo Franklin Martins propôs, durante painel sobre Mídia e Desenvolvimento promovido hoje pela Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio, qualificar o debate sobre crescimento. Para Martins, é preciso superar as teses que contrapõem inflação e desenvolvimento, taxas de juros e distribuição de renda, para estabelecer uma discussão mais concreta. "Assim a questão do crescimento fica um debate pobre. Alguém é contra o crescimento? Alguém é contra a distribuição de renda? É preciso refinar a questão: existe uma outra mediação?" Na opinião do jornalista da TV Globo, a mídia apenas reflete a tensão que existe na sociedade.
 
Já a colunista da Folha de São Paulo Eliane Cantanhede reconheceu que, quando o assunto é economia, o jornalista vai buscar suas fontes na Academia. "Deveríamos amplificar essa discussão no ambiente político. O mundo ainda não chegou à conclusão de como compatibilizar o crescimento econômico com a questão fiscal. Essa discussão tem que ser trazida para dentro do Congresso Nacional. A Academia, em vez de ficar discutindo via imprensa, tem que ser trazida aqui para dentro". Para Cantanhede, a questão principal é discutir o desenvolvimento com justiça social.

Para o chefe da sucursal de Brasília da revista Isto É, Tales Faria, a mídia desenvolve uma atividade distributiva, e por essa razão, a tendência da imprensa é cobrar dos governos políticas de desenvolvimento que incluam distribuição de renda e melhora da qualidade de vida da população.

Poderes desarticulados

Autor da iniciativa para a realização do debate, o presidente da Comissão, deputado Gonzaga Mota (PSDB-CE), criticou a desarticulação entre os poderes constituídos - Judiciário, Executivo e Legislativo. "Temos hoje um Executivo agigantado, um Legislativo enfraquecido e um Judiciário intimidado. Não estamos legislando, nem fiscalizando. Quem está fiscalizando é a imprensa e o Ministério Público. Quem está legislando é o Executivo. Isso prejudica o desempenho do processo democrático", afirmou.

Na opinião do deputado Lupércio Ramos (PPS-AM), a imprensa, através de uma informação bem construída e uma informação eticamente bem produzida, forma opinião pública. "O desenvolvimento com inclusão social é o que todos nós queremos, mas será que é isso que de fato a imprensa transmite com clareza para a população?", questionou.

Fonte: Agência Câmara