Google

 
 
  Extra! Extra!
  Pesquisa
  Espaço La Costa
  Entrevista
  Sindicatos
  Conselho
Federal
  Manual de
Direito
  Legislação
  Documentação de Jornalista
  Links
  Contato

 
 
04/10/2003
Depois da TV, agora PCC na internet
 

O PCC continua nas manchetes. Depois da "entrevista" envolvendo os personagens "Alfa" e "Beta", o PCC virou notícia no Jornal da Tarde. O endereço eletrônico www.primeirocomando.com.br (que parece ter saído do ar) foi apresentado na edição do dia 25/09/2003 como sendo da organização criminosa. O delegado Ruy Ferraz Fontes, do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic) foi informado pelo JT da existência do site e instaurou inquérito.  O jornalista responsável pelo "site da organização criminosa" critica a matéria e afirma que o endereço eletrônico nada mais é do que seu trabalho de conclusão do curso de jornalismo. Vale apena ler mais este "furo"  envolvendo o PCC.


Leia as matérias que JT publicou:

 

PCC tem site na internet com estatuto e ameaças - 25/09/2003
http://www.jt.estadao.com.br/editorias/2003/09/25/ger039.html

Site do PCC é pesquisa, diz autor - 26/09/2003
http://www.jt.estadao.com.br/editorias/2003/09/26/ger029.html


Agora leia o e-mail que o jornalista responsável pelo site enviou ao "O Jornalista":

Eu enviei um pedido de direito de resposta ao Jornal da
Tarde. Não recebi qualquer retorno até o presente momento.
Vou processar o veículo por ter me colocado como criminoso
sem fazer uma apuraçao decente.
 
Não se compreende como estando meu e-mail, nome e MTB no site
não conseguiram chegar a mim. A repórter, lamentavelmente, não
entendia muito do assunto que tratava (sites) e não soube
checar corretamente a propriedade do domínio no
www.registro.br onde constava meu nome e telefone. Outros
profissionais conseguiram entrando em contato comigo
imediatamente.
 
Acredito que o episódio foi uma aula de não-jornalimo e falha
apuração. O desespero mercadológico pelo furo em si ainda a
levou a ligar para policiais, "informando" do "site do PCC",
conforme consta na própria matéria. Imagino que sob tais
informações, o  delegado agiu de maneira previsível, declarando
quais seriam os procedimentos, perante o relato da repórter.
Na posse do procedimento e com o inquérito já aberto, a
jornalista completou o lead que queria.
 
Ao ser acordado por um colega jornalista, na quinta-feira, com
a notícia que meu nome estava no JT como criminoso e com
inquérito por formação de quadrilha e apologia, contatei de
imediato o Grupo Estado para fornecer a informação que um
grupo jornalístico centenário não tinha conseguido: meu
telefone celular.
 
A repórter ainda tentou manter a versão que lhe interessava,
chamando ao autor de "menino" que não havia pensando "nas
conseqüências" de "fazer apologia" e insistiu que o  endereço
era falso. Conforme lhe esclareci, o endereço não era falso,
apenas não havia sido fornecido. Pois de posse dele, qualquer
pessoa poderia invadir minha casa. E se tratando de um grupo
criminoso, prefiro qualquer coisa a colocar minha família em
risco.
 
Mas o fecho de ouro ainda viria. Após tudo ser esclarecido e
a "colega" ter  "descoberto" que eu havia sofrido
discriminacão em um shopping de São Paulo, não teve dúvidas:
fez a salada completa em nova matéria. Misturou vida privada
e profissional. Alegou que eu era uma "pessoa famosa". 
 
As pessoas que me rodeiam ficaram apavoradas, e me ligavam em
prantos achando que eu seria preso ou morto. Tive de explicar
tudo na empresa para qual trabalho. Inclusive sobre minha
vida particular. Os danos foram imensos.
 
Agora me resta a lição e a compreensão humana dos sentimentos
que uma fonte tem, quando se recusa a deixar seu nome ser
publicado, quando não quer falar com a imprensa e quando,
para nosso desalento, alega: publicamos "tudo diferente do
que foi dito".
 
Foi uma estréia bem dura. Mas me sinto mais jornalista que
nunca.
 
 
Abaixo, segue a carta enviada ao Jornal da Tarde.
 

 


Solicitação de direito de resposta

Referente: Matéria publicada dia 25/09/03
Título: PCC tem site na internet com estatuto e ameaças.
Repórter: Rita Magalhães

Prezado editor

Solicito à editoria de Polícia deste veículo que 
reflita sobre a matéria publicada na quinta-feira, dia 25 de
setembro, sobre o site produzido e levei ao ar.

O site foi produto de um trabalho de conclusão de
curso (TCC) de jornalismo na Universidade Anhembi Morumbi. A
mesma se viu obrigada a divulgar um comunicado às autoridades
para ajudar a esclarecer os fatos. O trabalho foi devidamente
acompanhado e orientado, tendo como objetivo o estudo da
facção de criminosos surgida recentemente.
 
A repórter ao se deparar com o site, não conseguiu
localizar o autor que tinha e-mail publicado, telefone e MTB.
Alega serem "falsos" os endereços e telefones. Qualificação
da repórter. Os dados não eram falsos, mas não informados no
registro.br, por questão de segurança. Uma vez  na posse de
tais, qualquer pessoa, boa ou má intencionada chegaria à
residência do autor do site. O mesmo reside com família e não
a colocaria em risco por motivos profissionais e em hipótese
alguma. Além do mais, o contrato do Registro.br não explicita
tal exigência, conforme pode ser checado.

A jornalista acessou apenas um dos ID. (Identificação
Digital) que não possuía telefone. Outros possuíam e se
encontravam na mesma página. Deduz-se: sequer rolou a página.
Reforça essa impressão o fato de o caminho ser usado com
sucesso na localização do autor por demais profissionais logo
após a divulgação da matéria

Dentre outros problemas decorrentes de falta de
apuração, destaca-se as alegações  "o site está no ar desde
fevereiro" Inverdade. A página ainda estava sendo colocada no
ar, quando a repórter viu a matéria. Note-se a frase: "tem
até canal de comunicação com o usuário". Desinformação.
Qualquer pessoa que entenda o básico de Internet, saberá
informar que todo site dispõe de comunicação com seus
usuários. A interatividade é da essência da Internet.

A matéria afirma ter o site uma "lista de livros
sobre a facção". Incompressível afirmação.  Não existem
livros sobre o PCC até a presente data.  Uma rápida lida na
Bibliografia  deixa claro que autores como Michel Focault,
Carlos Amorim, Boris Fausto e Dostoivésky não escreveram
exatamente "livros sobre o PCC".

A reportagem contatou um delegado,  "ontem mesmo,
depois de ser informado pelo JT da existência da página",  o
qual informado" resolveu por bem abrir inquérito  no qual já
prometeu "punir exemplarmente" os autores e  indiciar  João
Xavier por apologia ao crime e formação de quadrilha.

Não se sabe onde se qualifica apologia uma vez que o
site é obviamente crítico, inegavelmente jornalístico,
contendo até entrevistas com João José Sady e o próprio
secretário da administração penitenciária, Nagashi Furukawa.

A repórter nega tal percepção. Outros profissionais
em contato com o autor, sequer quiseram publicar a notícia,
disseram "não entender nada", não vendo conexão entre a
matéria publicada e o site que liam.

A matéria chegou a ponto de afirmar em sua última
linha que o autor era desconhecido. O mesmo autor de nome
publicado linhas antes, que foi rapidamente incluído em
inquérito policial, tendo sua família visitada por viaturas
de policiais que a informaram  estar o neto "indo para o mau
caminho". Imagine v. senhoria  o desespero inicial de
parentes e o custo para explicar a uma mãe e a uma avó que
seu neto não havia  cometido crime algum. A senhora de mais
de 70 anos é cardíaca. Quem pagaria uma eventual tragédia?  

O autor teve de fazer reuniões às pressas em sua
empresa para explicar a situação. Viu  seu nome vinculado ao
crime. Vinculação que carecerá de explicações por muitos
anos, uma vez que uma simples busca pelo nome completo no
site Google  remete o primeiro item à matéria publicada.

Para piorar tudo, após o autor ter entrado em contato
com a redação do Jornal da Tarde e deixado seu celular para
quaisquer esclarecimentos, a repórter soube que o mesmo havia
passado por uma discriminação em um shopping de São Paulo.
Tendo registrado Boletim de Ocorrência, o autor viu o caso ir
parar nos jornais, num episodio conhecido como "Beijaço". O
protesto foi promovido por entidades ligadas ao tema, sem
nenhum pedido ou interferência dos envolvidos. A jornalista
então, fez uma ponte entre os dois fatos. Misturou vida
profissional e particular. Não sendo o autor figura pública,
não se vislumbra o motivo de tal procedimento.

Por conta disso, e pelo inquérito ainda estar em
aberto, o autor, João  Xavier, pede que essa carta seja
publicada pelo mesmo veículo que causou tantos transtornos a
um cidadão pleno de direitos.          
                                                     
        Só nessas horas, que nós, jornalistas, sentimos na
pele o motivo pelo qual as pessoas nunca querem dar
entrevistas, nunca querem ter seu nome publicado, nunca
querem falar conosco. Nesse momento é que se sente isso
profundamente. A repórter, provavelmente, já esqueceu o
assunto, tem outras pautas, porém o ser humano atingido pela
pouca apuração de uma matéria tem sua vida prejudicada e vê-
se obrigado a trabalhosamente dar reparo a um estrago
ocasionado por outrem. 
                          

Cordialmente

 

João Xavier
MTB 37.720
Jornalista.
São Paulo

13/08/2017 HOJE, O SITE OJORNALISTA COMPLETA 14 ANOS
26/12/2016 Programa na Rádio USP debate pejotização e estágio em Jornalismo
23/10/2016 Cineclube exibe filme sobre o bloqueio econômico a Cuba
23/07/2016 Chapa 1 vence eleições para a FENAJ
03/07/2016 Gazeta do Povo: STF suspende ações movidas por juízes
03/07/2016 Eleiçoes: Site Ojornalista apoia Chapa 1 - Sou FENAJ
12/06/2016 Paraná: chuva de processos contra jornalistas gera repúdio
06/06/2016 Tribunal dá reajuste de 9,8% para jornalistas de Pernambuco
12/05/2016 De bem intencionados, dizem que o inferno está cheio.
26/03/2016 Jornalistas lançam manifesto em defesa da democracia
www.ojornalista.com.br - Todos os direitos reservados 2003 - por NetMarketing Soluções