O presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, Mário Heringer (PDT-MG), informou na tarde de hoje ao "O Jornalista", que as supostas fotos de Vladimir Herzog, recentemente divulgadas, serão periciadas. "A perícia foi autorizada pela presidência da Câmara", disse o parlamentar.
Ex-agente teme pela própria vida
O ex-agente de espionagem do Exército, cabo reformado José Alves Firmino, participou, na tarde de hoje, de audiência pública da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. A expectativa era de que ele explicasse como obteve os documentos que entregou à Comissão em 1997, mas não foi o que ocorreu.
As supostas fotos do jornalista Vladimir Herzog sob prisão militar, recentemente divulgadas, estão entre os documentos fornecidos pelo ex-agente. Ao invés de explicações, o ex-araponga denunciou pressões e afirmou que teme pela própria vida.
O ex-agente afirmou que utilizava uma falsa carteira de jornalista para se infiltrar em movimentos que queria investigar. Ele revelou que mandou imprimir mil espelhos da cédula da carteira de jornalista, em uma pequena gráfica de Brasília-DF.
"Meu medo é quanto à minha segurança física e da minha família. Quando fui torturado, tive muitos problemas". Firmino emocionou-se e disse: "censurar, pode. Calar, só se for à bala. Eu sei porque já recebi ameaças. Receio que simulem um assalto e depois me matem", afirmou.
Firmino denunciou ainda que vem sofrendo pressões de pessoas de dentro das Forças Armadas. Segundo ele, as atividades de vigilância das Forças Armadas continuam sendo praticadas. "Aqui mesmo nesta sala há pessoas que eu já vigiei, assim como também há outros arapongas", garantiu.
Ao ser questionado pelo deputado Luiz Couto (PT-PB) afirmou que entregou diversas fotos à Comissão sem ter conhecimento de quem se tratava. Ele disse acreditar na versão da esposa do jornalista Vladimir Herzog, que diz que as fotos são dele.
Arquivos Secretos
A Câmara vai criar uma comissão para propor uma nova lei sobre o acesso a documentos sigilosos em poder das Forças Armadas. A informação foi dada por João Paulo Cunha. Ele reuniu-se com o ministro da Defesa, José Viegas, na manhã de hoje. O presidente assinalou que o objetivo da comissão será analisar a legislação atual sobre o assunto, os projetos em tramitação no Legislativo, pesquisar leis internacionais e apresentar uma proposta sobre como lidar com arquivos e documentos sigilosos, inclusive os que se referem ao período da ditadura militar. "Informação sigilosa tem no mundo todo. Precisamos analisar a legalidade dessas informações e, a partir daí, elaborar uma proposta que seja adequada ao Brasil".
Cortesia
O presidente da Câmara, João Paulo Cunha, também recebeu o Comandante do Exército, General Francisco Albuquerque, em seu gabinete, na tarde de hoje. Na saída, João Paulo disse que a presença do general era apenas uma visita de cortesia.
Redação com a Agência Câmara