A jornalista Judy Miller, do The New York Times, pode ser presa nos próximos dias por negar-se a revelar suas fontes, perante um juiz, no caso do vazamento do nome de uma espiã da CIA. Apesar de não ter sido a responsável pela divulgação.
Arthur Ochs Sulzberger Jr., presidente e editor do jornal, e Russell T. Lewis, diretor geral, defenderam em um artigo a importância que tem para a democracia que a imprensa investigue o poder político. Um exercício impossível, afirmam, sem que sejam mantidas sob sigilo as fontes, especialmente, quando são informações sobre o governo.
Nos Estados Unidos é um delito federal revelar a identidade de espiões. A revelação é tratada como traição à pátria, por lá. Fontes oficiais daquele país, porém anônimas, vazaram a informação que identificava Valerie Plame, esposa do ex-embaixador norte-americano Joseph Wilson, como agente secreta da Agência Central de Informação (CIA).
Ao que tudo indica, o vazamento foi uma represália ao fato de Joseph Wilson ter provado que George W. Bush usou dados falsos ao declarar que o ex-ditador iraquiano Saddam Hussein tentara comprar urânio, em um país africano, para produzir armas de destruição em massa.
Em 12 de agosto, Miller recebeu uma ordem jucidial para prestar depoimento e fornecer as informações sobre conversações que possa ter tido com membros do governo, nas quais podem ter sido mencionadas a identidade da esposa do ex-embaixador e sua conexão com a CIA. A jornalista recebeu a ordem judicial, apesar de jamais ter publicado nada relativo ao ex-embaixador ou sua esposa.
"Realmente é para assustar quando se pode prender os jornalistas, porque fazem seu trabalho de maneira eficaz", declarou Judy Miller, ameaçada de prisão.