Começa hoje (25/09) o julgamento, em Itabuna (Estado da Bahia), de Thomaz Iracy Moisés Guedes, acusado de ter participado do assassinato, no dia 14 de janeiro de 1998, de Manoel Leal de Oliveira, proprietário e diretor do jornal A Região, publicado em Itabuna. Outro assassino presumido, Mozart Costa Brasil, deve comparecer perante o mesmo tribunal amanhã. O julgamento estava marcado para 18/09, mas acabou adiado.
“O Jornalista” e “Repórteres sem Fronteiras” convidam a imprensa brasileira a dar uma cobertura maior a processos relacionados com mortes de jornalistas. Em termos de luta para a justiça, a experiência tem mostrado que somente uma forte mobilização dos meios de comunicação e da sociedade civil pode ajudar a diminuir a impunidade.
A organização RSF lembra que tinha publicado, em outubro de 2002, um relatório sobre o caso, intitulado "Bahia : uma cultura de impunidade?" Manoel Leal de Oliveira foi morto depois de ter denunciado o envolvimento num caso de corrupção de Fernando Gomes, na época prefeito de Itabuna e aliado político de Antonio Carlos Magalhães, um dos líderes do Partido da Frente Liberal (PFL) e ex-governador do Estado de Bahia.
"O caso Manoel Leal, evidencia, sobretudo, os limites de um sistema que confia a um orgão que trabalha sob a tutela de políticos locais, neste caso a Polícia Civil da Bahia, o inquérito sobre o assassinato de um jornalista que havia justamente denunciado um desses políticos", concluía o relatório.
De acordo com o mesmo relátorio, "os primeiros meses do inquérito, sob responsabilidade da Polícia Civil da Bahia, constituem um verdadeiro símbolo em matéria de impunidade. Em setembro de 1998, o caso foi arquivado sem que nenhum suspeito tenha sido preso e sem que Fernando Gomes tenha sequer prestado depoimento". Em maio de 2000, o processo judiciário foi reaberto, graças a revelações publicadas no cotidiano A Tarde.
Thomaz Iracy Moisés Guedes é suspeito de ser o motorista da camionete na qual estavam os assassinos do jornalista. Ele foi detido em julho de 2002. Mozart Costa Brasil, agente da Divisão de Crimes Contra Fraudes Econômicos e Financeiros da Polícia Civil da Bahia, tinha sido detido em dezembro de 2001 e libertado dois meses mais tarde, na espera do processo. Um terceiro suspeito, Marcone Sarmento, permanece foragido. Com respeito aos mandatários presumidos do crime, o antigo prefeito Fernando Gomes e sua chefe de gabinete, Maria Alicia Araújo, nada foi registrado contra eles.
As informações são da organização Repórteres Sem Fronteiras
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