O Conselho Federal de Jornalismo virou mesmo sinônimo de censura, pelo menos no discurso dos proprietários de jornais. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu na noite desta terça-feira, em São Paulo, uma dura crítica dos donos de jornais à proposta de criação do Conselho Federal de Jornalismo.
Lula participou da reunião solene em comemoração do aniversário de 25 anos da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e da posse da nova diretoria, os discursos condenaram a proposta encaminhada pelo governo ao Congresso, além de rejeitarem a tentativa de limitar o poder do Ministério Público e de proibir o funcionalismo público de conceder entrevistas.
O presidente Lula ouviu pacientemente os ataques proferidos pelos empresários Francisco Mesquita Neto (Grupo Estado) e de Nelson Pacheco Sirotsky (Zero Hora), ex e atual presidente da associação. Em seu discurso, ao contrário dos donos de jornais, o presidente não mencionou o Conselho Federal de Jornalismo, mas assegurou o compromisso pessoal com a garantia da liberdade de informação.
Os que o atacaram, depois o aplaudiram. O presidente afirmou que o governo, os jornais, assim como a sociedade, cometem, às vezes, "erros e distorções". Lula disse que censura é coisa de ditadura. O presidente lembrou dos anos de repressão, quando a censura calou a imprensa.
"Isso não voltará a ocorrer no País, e muito menos de forma dissimulada. Não do que depender da minha vontade", discursou o presidente. Lula diplomaticamente lembrou, que "quanto mais poder se tem, maior deve ser a responsabilidade de quem o exerce".
Segundo a Agência Estado, o empresário Mesquita Neto, que presidiu a ANJ, que reúne 126 empresas que editam 529 jornais e respondem por 90% da circulação diária do País, disse ser "impossível falar em liberdade" e ao mesmo tempo discutir a regulamentação do Conselho. "A liberdade de informação constitui um direito inalienável e indiscutível do ser humano", afirmou. Sirotsky, que tomou posse como 10º presidente da ANJ, disse que compreendia a presença de Lula ao evento como "uma reafirmação do seu posicionamento histórico na defesa da democracia e da liberdade". Ele anunciou a disposição da ANJ de discutir com seus associados e com a sociedade a auto-regulamentação do setor, com a fixação de normas e princípios éticos.