Google

 
 
  Extra! Extra!
  Pesquisa
  Espaço La Costa
  Entrevista
  Sindicatos
  Conselho
Federal
  Manual de
Direito
  Legislação
  Documentação de Jornalista
  Links
  Contato

 
 
14/09/2004
Conselho de Jornalismo: Clóvis Rossi X Ricardo Kotscho
 

A polêmica sobre o Conselho Federal de Jornalismo acabou provocando um debate entre os jornalistas Clóvis Rossi e Ricardo Kotscho. No bate e rebate, sobrou também para o jornalista Luís Nassif. Tudo começou com o artigo do jornalista norte-americano Larry Rohter, do "The New York Times", que mereceu uma resposta de Ricardo Kotscho. Clóvis Rossi criticou a resposta. Kotscho respondeu. Acompanhe os lances do elegante, mas duro duelo que foi travado nas páginas do jornal "Folha de S.Paulo". Quem ganhou? Com certeza foi a sociedade. Leia e tire as suas próprias conclusões.

Cores, amores e categorias
Clóvis Rossi*

É incompleta a informação do secretário de Imprensa da Presidência, Ricardo Kotscho, segundo quem o projeto do Conselho Federal de Jornalismo é uma "reivindicação desta categoria profissional" (a dos jornalistas), conforme a nota que Kotscho emitiu para rebater texto do jornal "The New York Times".

A ABI (Associação Brasileira de Imprensa) também representa os jornalistas, mas é contra o projeto. E a ABI tem mais história que a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), que lançou a idéia. Não é demérito da Fenaj, mas fato da vida.

Tanto é assim que, quando precisou, o PT (e demais forças de oposição ao governo Fernando Collor) recorreu à ABI para liderar o movimento pelo impeachment.

Vê-se, pois, que o projeto do CFJ não é "da categoria", mas de parte dela apenas.

Aliás, seria curioso saber por que o governo "comprou" esse projeto, de apenas parte de uma categoria, quando, pouco antes, se opôs ferozmente a um aumento maior do salário mínimo, este, sim, proposto por TODO o movimento sindical.

Está igualmente imprecisa a avaliação de Luís Nassif de que a onda verde-e-amarela nas praias italianas neste verão seria decorrência do fato de que o Brasil é "o país mais amado do mundo".

A onda verde-e-amarela na Europa vem de alguns meses, mas está determinada por um modismo de cores que se revezam ciclicamente nas lojas, de acordo com a criatividade (ou falta dela) dos desenhistas.

Enquete pessoal, feita nos cinco meses que passei na Europa neste ano, mostra que a maior parte dos que usam verde-e-amarelo nem sabe que são as cores do Brasil.

Claro que há (sempre houve) carinho pelo país tropical, mesmo desconhecendo-o, porque, afinal, nunca fez mal a ninguém (a não ser a seus próprios filhos e aos paraguaios no século retrasado).

A onda atual tem muito mais a ver com cor do que com amor ao Brasil. É bom do mesmo jeito, mas não convém perder a perspectiva.

*Clóvis Rossi é articulista do jornal "Folha de S.Paulo"
 


Que se passa?
RICARDO KOTSCHO*

Que se passa com o bom amigo Clóvis Rossi? Em seu artigo de 8/9 ("Cores, amores e categorias", pág. A2), a propósito de uma nota que enviei ao jornal "The New York Times" para responder a um despacho indigente de seu correspondente no Brasil, Rossi volta a discutir a questão da representatividade dos jornalistas -assunto que, até onde eu sei, nunca esteve entre suas preocupações- no episódio do projeto de lei enviado pelo governo ao Congresso Nacional propondo a criação do Conselho Federal de Jornalismo, a pedido da Federação Nacional dos Jornalistas. Como é contra o CFJ, ele me faz uma crítica. Até aí, tudo bem. Deixa o Congresso Nacional debater e decidir se modifica, aprova ou rejeita o projeto, como acontece nas melhores democracias.

Sem entrar no mérito da questão, para não cansar os leitores, pois temos posições opostas e já expus a minha aqui mesmo nesta página, no artigo "Ao debate, caros colegas" (10/8), o que mais me chamou a atenção em seu texto foi a crítica que ele fez ao colega Luís Nassif por ousar falar bem do Brasil (do Brasil, bem entendido, não do governo brasileiro). Nassif escreveu que a onda verde-e-amarela nas praias italianas neste verão seria decorrência do fato de que o Brasil é o "país mais amado do mundo".

-------------------------------------------------------------
Começo a acreditar que o problema de Clóvis Rossi não é com o atual governo, mas com o Brasil
-------------------------------------------------------------

Do alto de sua sabedoria e niilismo, e bota altura nisso, baseado em "enquete pessoal", para contestar Nassif, ele conclui em sua coluna que "a onda atual tem muito mais a ver com cor do que com amor ao Brasil". Aí já começo a ficar preocupado com meu amigo e padrinho. Começo a acreditar que o problema dele não é com o atual governo, já que ele também foi mais ou menos crítico em relação a governos anteriores, mas com o Brasil.

Rossi, simplesmente, parece convencido de que o Brasil está condenado a não dar certo. Nunca. Passou a vida escrevendo sobre tudo de ruim que há no país -e ainda há mesmo muita coisa ruim, ninguém vai negar- para justificar sua tese, sem jamais encontrar nenhuma coisa que prestasse nesta nação de 180 milhões de habitantes, que vive um dos melhores momentos da sua economia nas últimas décadas, com a geração de mais de 1,2 milhão de empregos com carteira assinada só em 2004, aumentando a renda dos seus trabalhadores, batendo sucessivos recordes na produção industrial e agrícola e nas exportações, recuperando a credibilidade externa com a manutenção da estabilidade, registrando o segundo maior superávit comercial do mundo em desenvolvimento, admirado por suas artes, seus aviões, sua moda, sua comida, suas modelos, seus esportistas nas mais diferentes modalidades. Admirado, também, como testemunhei em viagens com o presidente a mais de três dezenas de países de todas as latitudes, por seu governo e por seu presidente.

Caro Rossi, Nassif não está sozinho nas suas afirmações. Você, que gosta tanto de citar publicações estrangeiras em suas colunas, deveria dar uma olhada na edição de 2/8 da "Newsweek": "Todo mundo ama o Brasil", diz a revista em sua capa. Em longa reportagem, sob o título "O mundo apaixonou-se perdidamente pela cultura tempestuosa que nos deu a caipirinha e a capoeira", o repórter Mac Margolis, que você conhece e sabe que é sério, mostra que o Brasil é o país da moda não só na Itália, mas também em Paris, em Manhattan, em Milão, em Guangzhou, em Londres, em Tóquio, em Moscou. Margolis cita dezenas de depoimentos entusiasmados sobre o momento vivido pelo Brasil.

Não posso acreditar que nenhum comentário desse tipo jamais tenha chegado aos seus ouvidos em suas intermináveis andanças pelo mundo.

Anda tanto, o caro amigo, que dá a impressão aos seus leitores, entre os quais me incluo, de que está deixando de acompanhar as grandes transformações pelas quais o Brasil está passando em todos os setores de atividade.

Há quanto tempo você não vem a Brasília, não vai aos fundões do Brasil, onde há fartura e emprego e já foram beneficiadas 5 milhões de famílias com o Bolsa-Família, não bota os pés numa fábrica funcionando a pleno vapor ou numa terra irrigada de agricultura familiar, não conversa com empresários e trabalhadores anônimos da Zona Franca de Manaus ou dos agronegócios do cerrado? Os leitores, tenho certeza, estão muito mais interessados nesses assuntos do que na criação do CFJ.

Para quem só lê a tua coluna, a vida não vale a pena, o Brasil não tem jeito, o apocalipse está próximo. Só o contato direto -e não por telefone ou internet- com a realidade brasileira pode fazer o premiado, respeitado e competente jornalista que você sempre foi não se transformar num Jim Jones (aquele guru que levou o pessoal da sua seita ao suicídio coletivo porque o mundo não tinha mais jeito) da imprensa.

Ânimo, rapaz; bota o pé na estrada e você vai ver que não é preciso ir para o estrangeiro para encontrar muita coisa boa, gente que acredita no seu taco e no seu país.

*Ricardo Kotscho, 56, jornalista, é secretário de Imprensa e Divulgação da Presidência da República. Foi vice-presidente da Fenaj, diretor do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo e conselheiro da Associação Brasileira de Imprensa.

 

13/08/2017 HOJE, O SITE OJORNALISTA COMPLETA 14 ANOS
26/12/2016 Programa na Rádio USP debate pejotização e estágio em Jornalismo
23/10/2016 Cineclube exibe filme sobre o bloqueio econômico a Cuba
23/07/2016 Chapa 1 vence eleições para a FENAJ
03/07/2016 Gazeta do Povo: STF suspende ações movidas por juízes
03/07/2016 Eleiçoes: Site Ojornalista apoia Chapa 1 - Sou FENAJ
12/06/2016 Paraná: chuva de processos contra jornalistas gera repúdio
06/06/2016 Tribunal dá reajuste de 9,8% para jornalistas de Pernambuco
12/05/2016 De bem intencionados, dizem que o inferno está cheio.
26/03/2016 Jornalistas lançam manifesto em defesa da democracia
www.ojornalista.com.br - Todos os direitos reservados 2003 - por NetMarketing Soluções