Os dois jornalistas franceses seqüestrados no Iraque, Christian Chesnot e Georges Malbrunot, podem ser mortos a qualquer momento. Os seqüestradores exigem o fim da lei que proíbe o uso do véu islâmico nas escolas franceses. Nem mesmo o fato da França não ter apoiado a guerra no Iraque tem servido como atenuante.
A organização Repórteres Sem Fronteiras convocou os veículos de comunicação árabes, para que se mobilizem em favor dos jornalistas franceses e expliquem o conteúdo exato da lei do véu islâmico.
"É necessário que os seqüestradores estejam informados do conteúdo preciso da lei. Os canais de televisão e rádio que transmitem para o Iraque devem informar que o véu islâmico está proibido na França, somente nas escolas e em determinadas situações", declarou a organização.
Por outro lado, a RSF faz uma chamamento a jornalistas e responsáveis políticos e religiosos da França, e de todo o mundo, para que voltem a apelar a favor da liberação de Christian Chesnot, Georges Malbrunot e do motorista dos jornalistas, Mohammed al-Joundi, de quem não se tem notícias.
"Em imagens exibidas pela TV Al-Jazeera se vê que os jornalistas estão bem e isto é uma boa notícia. Por outro lado, o novo ultimato de 24 horas fixado pelos seqüestradores e a mensagem dirigida pelos dois jornalistas são muito preocupantes, declarou a RSF.
Em um vídeo exibido na noite de ontem, na Tv Al-Jazeera, os dois jornalistas enviaram uma mensagem ao Estado francês, e a seus compatriotas: "Exortamos ao povo francês (...) a sair em manifestação para exigir a anulação da lei que proibiu o véu, porque nossa vida está em perigo", disse Georges Malbrunot. "Se a lei não for anulada, corremos o risco de pagar com nossa vida. É uma questão de tempo, talvez de minutos e estaremos mortos", apelou Christian Chesnot. Segundo a TV Al-Jazeera, os seqüestradores prorrogaram por 24 horas o ultimato.
No primeiro vídeo, exibido em 28 de agosto, o grupo "Exército Islâmico no Iraque" dava um ultimato de 48 horas para que a França anulasse a lei. O governo francês afirmou que apoiou a lei por ser a França um Estado laico e neutro frente a todas as religiões.
Georges Malbrunot, de 41 anos, jornalista independente que trabalha para o jornal Le Figaro y Ouest-France; Christian Chesnot, de 38 aanos, colaborador de RFI y Radio-France e o motorista e guia dos dois há um ano, Mohammed al-Joundi, foram capturados há cerca de dez dias.