O Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul distribuiu hoje (15/08), em Porto Alegre, um manifesto de esclarecimentos e em defesa da criação do Conselho Federal de Jornalismo. No documento entregue à população, o Sindicato denuncia o que chama de interesses contrários à criação da entidade.
Leia abaixo o manifesto:
OS DONOS DA VOZ
Grandes empresas de comunicação - nas mãos de apenas algumas famílias - usam seus veículos para agredir a democracia e o direito à informação.
A Federação Nacional dos Jornalistas e o Sindicato dos Jorrnalistas do Rio Grande do Sul vêm a público denunciar mais uma manobra dos grandes veículos de comunicação contra a sociedade e a categoria dos jornalistas. Tornou-se notícia nacional que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou ao Congresso um projeto de lei criando o Conselho Federal de Jornalismo - CFJ. Desde então, os principais veículos de comunicação do Brasil - Globo, Bandeirantes, Folha de São Paulo, RBS - vêm realizando uma campanha sistemática de combate à criação do Conselho. De forma deliberada, dizem à população que o projeto é uma obra do governo Lula para censurar a liberdade de informação e controlar o trabalho dos jornalistas.
Esses argumentos são apenas uma manipulação de seus reais interesses. O projeto de criação do Conselho Federal de Jornalismo não é obra do governo Lula ou de qualquer outro governo. Ele é o resultado de cerca de 20 anos de discussão e de luta dos jornalistas brasileiros, realizadas nos congressos nacionais da categoria. Depois de muito debate e reflexão, chegou-se a uma formatação adequada para a sua aprovação.
Ao contrário do que dizem as grandes empresas, o Conselho não está sendo criado para cercear a liberdade de informação - o que, aliás, é o que elas fazem, ao divulgarem somente sua versão dos fatos, negando acesso ao contraditório -, mas para garantir a pluralidade, a independência e a transparência das notícias que chegam à sociedade.
Aqui no Rio Grande do Sul, já vimos empresas de comunicação se comportarem como partidos políticos, manipulando, interferindo em pesquisas eleitorais e tentando influenciar a opinião pública. Os gaúchos têm reagido a toda essa pressão e carga que recebem via jornal, rádio e televisão, mas sabemos que, em várias regiões do país, a situação é muito diferente. A baixaria na programação da televisão é outro exemplo de que a sociedade precisa assumir o controle público sobre os meios de comunicação.
Uma das principais tarefas do Conselho Federal de Jornalismo será a de regulamentar a atividade profissional por meio do registro e fiscalização, garantindo que somente pessoas habilitadas possam trabalhar como jornalistas. A opção política das grandes empresas é contrária a essa decisão da categoria. Elas lutam pela desregulamentação total da profissão, deixando para elas, empresas, a "liberdade" de contratarem quem bem entendem para trabalhar como jornalistas e, claro, dizerem o que quiserem como verdade inquestionável. Basta lembrar que partiu das entidades patronais o questionamento judicial sobre a necessidade de diploma para a formação profissional.
Ao contrário dos patrões, a FENAJ e os sindicatos de jornalistas de todo o país acreditam que somente um Conselho Federal forte e atuante vai garantir a retirada das pessoas sem habilitação que estão no mercado de trabalho, elevar os salários e melhorar a qualidade da informação que a sociedade brasileira recebe hoje. Jornalista não está acima do bem e do mal. Temos que acabar com a falsa idéia de que o jornalismo é quarto poder. Cada vez mais a sociedade precisa tornar-se protagonista da história e assumir-se como primeiro e único poder.