Em carta enviada ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), as três entidades representativas das empresas privadas de comunicação, que desde outubro solicitavam recursos públicos por meio de linha de financiamento a juros subsidiados, desistiram do pedido depois de conhecer a proposta da instituição, que atualmente tramitava junto à Comissão de Educação do Senado Federal.
De acordo com as empresas, os R$ 2,5 bilhões oferecidos pelo BNDES ao setor, sob a forma de três linhas de crédito, não apresentavam condições que interessavam aos associados das entidades. Em 30 de junho, a Comissão de Educação criou um grupo de trabalho formado por seis senadores titulares (Flávio Arns, Hélio Costa, Demóstenes Torres, Sérgio Guerra, Juvêncio da Fonseca e Mozarildo Cavalcanti) e seis suplentes para analisar a proposta do BNDES. Autor da iniciativa, o senador Hélio Costa já havia manifestado seu descontentamento com as condições apresentadas pelo banco estatal de fomento.
A notícia da desistência das empresas na adesão ao programa de crédito que ficou conhecido como "Pró-Mídia" veio na semana seguinte ao anúncio oficial das operações de capitalização da operadora de TV paga Net Serviços pelo conglomerado mexicano de telecomunicações Telmex e do grupo Abril por parte dos fundos de investimentos norte-americanos da Capital International. A carta também foi apresentada duas semanas depois que quatro das principais redes nacionais de TV divulgaram nota pública explicitando sua insatisfação com a atual representatividade e atuação da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV (Abert).
Em dezembro do ano passado, os associados do FNDC - Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação e mais uma dezena de entidades nacionais da sociedade civil divulgaram uma carta aberta do Governo Lula, onde questionavam a existência e a dimensão da crise da mídia e reivindicavam contrapartidas sociais caso os recursos do BNDES fossem liberados para a mídia privada.
Quase um ano depois do início do debate nacional sobre o "Pró-Mídia", governo e empresas ainda não trouxeram a público os dados sobre a alegada crise do setor. O BNDES ainda não informou se manterá a proposta para os veículos que quiserem negociar de forma individual com o banco.
Fonte: FNDC