O jornalista inglês Peter Hounam, preso na semana passada em Israel por tentar entrevistar o preso político Mordechai Vanunu, foi solto e expulso do país. O serviço de segurança israelense confiscou ainda uma gravação em vídeo de uma entrevista que o jornalista realizou. Ele passou por oito horas de interrogatório e queixou-se de ter ficado numa "masmorra com excremento nas paredes" e de só lhe terem permitido "duas horas de sono".
A Organização Repórteres Sem Fronteiras protesta contra a prisão de Peter Hounam, solicitando explicações formais do estado de Israel, que impôs censura militar às notícias sobre o caso. O jornalista foi preso no quarto do hotel onde estava hospedado. Ele estava em Jerusalém para escrever sobre a libertação de Vanunu, e preparava um documentário sobre o tema para a BBC.
O jornalista realizou uma reportagem publicada em 1986, na qual Hounam revelou que Israel teria se tornado uma das maiores potências nucleares do mundo. Israel não admite publicamente o desenvolvimento de armas de destruição em massa - químicas, biológicas e nucleares - nem permite inspeções dos organismos internacionais.
A matéria foi realizada a partir de uma entrevista com o cientista israelense Mordechai Vanunu, que em 1985 havia feito inúmeras fotografias das plantas nucleares israelenses no deserto de Negev. Vanunu havia fugido para a Austrália, para onde Hounam foi enviado pelo jornal inglês Sunday Times.
Mordechai Vanunu foi sequestrado pelo serviço secreto israelense em 30 de setembro de 1986, e cumpriu sentença de prisão de 18 anos em Israel por "traição" e "espionagem" . Ele foi libertado em 21 de abril deste ano mas está proibido de encontrar-se com estrangeiros sem autorização prévia ou falar com a imprensa a respeito do trabalho que realizava no reator nuclear de Dimona.