A direção do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) pediu hoje (24/02), uma audiência ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), para exigir providências sobre a ação da Polícia Militar do estado, que, em praticamente todas as manifestações públicas ocorridas desde junho do ano passado, agrediu ou prendeu jornalistas que estavam no exercício da profissão.
Quatorze jornalistas que faziam a cobertura do protesto realizado no último sábado (22.fev.2014) em São Paulo sofreram agressão ou foram detidos pela Polícia Militar. Pelo menos cinco deles sofreram violações mesmo estando identificados como profissionais da imprensa, segundo a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI).
Sérgio Roxo (O Globo), Reynaldo Turollo (Folha de S.Paulo), Paulo Toledo Piza (G1), Bárbara Ferreira Santos (Estadão), Fábio Leite (Estadão), Victor Moriyama (freelancer) e Felipe Larozza (Vice) foram detidos temporariamente, por períodos que variaram de alguns minutos a cerca de três horas. Roxo, Bárbara e Moriyama também sofreram agressões.
Bruno Santos (Terra) sofreu uma torção no tornozelo e foi atingido por golpes de cassetete enquanto tentava escapar de uma confusão em meio ao protesto.
Evelson de Freitas (Estadão), Amanda Previdelli (Brasil Post), Mauro Donato (Diário do Centro do Mundo), Tarek Mahammed (Rede de Fotógrafos Ativistas), Alexandre Capozzoli (Grupo de Apoio Popular) e Alice Martins (Vice) foram agredidos com cassetetes, golpes de escudo ou chutes.
Com estes, chegam a 57 os casos de agressões e detenções de repórteres, fotógrafos e cinegrafistas cometidos por policiais militares desde junho de 2013 em São Paulo. Dessas ocorrências, a maioria - 56% - foi deliberada, ou seja, o jornalista identificou-se como tal e mesmo assim foi agredido ou detido.
São Paulo mostra-se a cidade mais violenta para repórteres em cobertura de manifestações: dos 133 casos de agressões registrados de 13.jun.2013 a 22.fev.2014, 63 ocorreram na capital paulista. Um total de 59 profissionais sofreu algum tipo de violação.
Em todas as manifestações em que os jornalistas foram impedidos de realizar coberturas, seja por agressões dos policiais ou por prisões arbitrárias, o Sindicato enviou ofício às autoridades do Estado solicitando providências, que nunca resultaram em ações efetivas. Apesar de várias imagens serem divulgadas pelas redes sociais com policiais agredindo jornalistas, nenhum deles foi identificado ou punido.
Dimensão Mundial
No documento enviado ao governador solicitando a audiência, o Sindicato salientou que o alto número de agressões ocorridas no Estado, com o protagonismo das forças policiais, se tornou um escândalo de dimensão mundial, obrigando o Sindicato e a Federação dos Jornalistas a constantes intervenções junto às entidades internacionais de defesa da liberdade de imprensa.
“A impunidade é a maior arma dos agressores”, diz José Augusto Camargo (Guto), presidente do Sindicato. “Os episódios são recorrentes e nenhuma atitude foi tomada, seja pelo Comando da PM ou pela própria Secretaria de Segurança Pública. Portanto, só nos resta apelar para o governador”, diz.