A repressão policial lembrou o período da ditadura militar. Parece que de repente voltamos aos anos 70. As cenas protagonizadas pela tropa de choque da Polícia Militar, na noite de hoje, na cidade de São Paulo, não ficaram devendo em nada as protagonizadas pela mesma força policial durante o regime militar. Um policial atirou contra um grupo de jornalistas com balas de borracha. Dois foram atingidos no olho e outros cinco ficaram feridos.
Um jovem relatou que um grupo de pessoas que não participava dos protestos, entre elas idosos, teve uma bomba de gás lançada perto deles. As cenas de agressões a manifestantes e jornalistas formam um retrato do despreparo e da falta de comando de uma polícia que parece resistir a deixar o século XX.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo enviou ofício à Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Tribunal de Justiça de São Paulo, Ouvidoria das Polícias de São Paulo, Corregedoria das Polícias Civil e Militar, Comandos da PM e GCM, ao Palácio dos Bandeirantes, ALESP, entre outros, exigindo providências contra as arbitrariedades ocorridas contra os jornalistas.
No final da noite, o secretário da Segurança Pública do Estado de São Paulo, Fernando Grella Vieira, anunciou que determinou a abertura imediata de investigações, pela Corregedoria da Polícia Militar, "para apurar rigorosamente os fatos".
Posse ilegal de vinagre?
Também nesta quinta-feira, o repórter Piero Locatelli, de CartaCapital, foi preso pela Polícia Militar enquanto realizava a cobertura das manifestações por carregar um frasco de vinagre na bolsa. Após duas horas detido de forma arbitrária, Piero foi liberado. Já o repórter do Portal Aprendiz, Pedro Ribeiro Nogueira - segue preso. A esperança é que ele seja solto nas próximas horas para responder em liberdade. Ele foi preso no protesto anterior, na terça-feira.
O fotógrafo do Portal Terra, Fernando Borges, também foi detido hoje, mesmo se apresentando como profissional de imprensa, ele ficou junto detido com outros manifestantes por volta de 40 minutos e liberado.
No início da noite, a violência sofrida por jornalistas foi alvo de manifestação da Anistia Internacional. A organização Repórteres Sem Fronteiras também divulgou nota repudiando os ataques, agressões e prisões de jornalistas.