Suhaib Hijazi tinha apenas dois anos quando a sua casa foi destruída por mísseis israelenses. Muhammad, o irmão mais velho (três anos) e o pai, Fouad, também morreram. A mãe sobreviveu, mas foi internada nos cuidados intensivos. Foi o resultado de mais um dia de bombardeio israelense sobre Gaza.
Na fotografia que valeu ao sueco Paul Hansen o prémio principal da World Press Photo de 2012, anunciado nesta sexta-feira, vêem-se em primeiro plano os corpos das duas crianças, numa rua estreita da Faixa de Gaza. São os tios, irmãos de Fouad, que os levam ao colo. Os rostos serenos de Suhaib e Muhammad contrastam com o desespero, a raiva e a tristeza que marca os adultos. O pai vem atrás, envolto numa mortalha branca como manda a tradição, numa maca. Só há homens neste cortejo que parece encenado. A mesquita onde farão a cerimónia fúnebre não fica longe.

Santiago Lyon, presidente do júri desta 56.ª edição WPP e diretor de fotografia da agência Associated Press (AP), diz que este trabalho de Hansen para o diário sueco Dagens Nyheter “é simplesmente uma coleção forte de expressões”, que o tamanho dos corpos das crianças acentua. É, garante, “uma imagem incrível” que mostra, como tantas outras nas mais de 100 mil que foram a concurso, que o fotojornalismo continua a ser um instrumento poderoso para contar uma história.
Português que venceu o WPP não tem máquina
O português Daniel Rodrigues, 25 anos, optou pelo preto e branco e venceu na categoria Vida Quotidiana, com uma fotografia de crianças jogando futebol num campo em Dulombi que servira de aquartelamento militar quando a Guiné Bissau era uma colônia portuguesa. Ele está desempregado e não possui equipamento fotográfico.

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