Jornalistas empregados no Diário do Nordeste reivindicam, por meio de um abaixo-assinado, que o "sindicato patronal entre em acordo com o Sindjorce por um reajuste salarial justo". O documento, contendo 85 assinaturas - de repórteres, repórteres fotográficos, diagramadores, ilustradores e editores - foi entregue à presidente em exercício do Sindjorce, Samira de Castro, para ser encaminhado ao sindicato patronal, em mais um movimento da base, insatisfeita com a postura intransigente dos jornais O Povo, Diário do Nordeste e O Estado.
"A negociação já se arrasta por seis meses, e nós já estamos há quatro meses com nossos salários defasados, visto que a nossa data base é 1º de setembro", argumentam os trabalhadores do maior jornal do Ceará, no texto do documento. "Reivindicamos um reajuste de 9%, acompanhando, assim, o acréscimo dado este ano ao salário mínimo. Se não acompanharmos este índice, estaremos acumulando ainda mais perdas salariais, já que vêm se somando ao longo dos últimos anos", continuam.
"Hoje, nosso piso está em R$ 1.486,89, valor superior em apenas R$ 130,89 ao montante de dois salários mínimos", afirmam os jornalistas do Diário. "Entendemos que seis meses de negociação é tempo suficiente para que os jornais do Ceará apresentem uma proposta de reajuste salarial digno, valorizando o trabalho daqueles que dão credibilidade aos veículos: seus jornalistas", concluem.

Jornais querem vencer no cansaço
O mesmo tipo de insatisfação motivou, em dezembro, os jornalistas da redação de O Povo a lançarem mão de um abaixo-assinado, encaminhado à direção da empresa, reivindicando índice de reajuste aproximado ao que o Sindjorce defende na mesa de negociação. Em novembro, os jornalistas pararam a redação de O Estado por quase uma hora, num protesto bem-humorado, puxado pelo Sindjorce, com distribuição de picolés e a presença do "Milhão do Patrão" - um boneco gigante que simboliza o lucro das empresas.
"Os jornais apostam na desmobilização da categoria, mas a falta de sensibilidade dos dirigentes patronais tem surtido efeito contrário. Os jornalistas sabem que as empresas têm condições de conceder reajuste decente, mas preferem tentar vencer a categoria no cansaço", afirma a presidente, Samira de Castro.
"Avanço" de R$ 1,64 é provocação
Na oitava rodada de negociação, ocorrida em janeiro, os patrões arredondaram de 6,39% para 6,5% a proposta de reajuste salarial dos profissionais de Jornais e Revistas. Na ponta do lápis, as empresas subiram 0,11% no índice de reajuste salarial dos jornalistas em relação à última proposta - o equivalente a R$ 1,64. "Não estamos pedindo esmola. Esperemos uma proposta decente que possa ser defendida na categoria, mas R$ 1,64 de "avanço" é provacação. O índice oferecido pelos jornais ainda está muito aquém do necessário para cobrir a defasagem salarial da categoria", explica Samira.
O Sindjorce contrapôs 8,5% de reajuste (2,95% acima da inflação). Mais uma vez, o apelo ao bom senso não funcionou e o presidente do sindicato patronal, Mauro Sales, recusou a pedida. Em função do novo impasse, a mediadora Jeritza Jucá, representante do Ministério do Trabalho na mesa de negociação, propôs um reajuste de 7,5% para pisos e salários acima do piso, representando ganho real de 2,00%. Mais uma vez, os patrões recusaram a proposta.
Fonte: Sindjorce