O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo alerta que a CBM (Cia. Brasileira de Multimídia), de Nelson Tanure, se responsabilizará pela edição da Gazeta Mercantil só até sexta-feira (29/5). Pelo menos, esta foi a mensagem dada pela empresa, no dia de ontem (26/5), no Rio de Janeiro, ao presidente da entidade sindical paulista, Guto Camargo. Hoje, quarta-feira (27/5), às 15h00, haverá assembleia específica na GM para discutir os direitos dos jornalistas. A situação é tensa e lamentável.
Batata Quente
Tanure não conseguiu recuperar o tradicional jornal de economia e pretende devolvê-lo ao seu antigo proprietário, Luiz Fernando Levy, já a partir da próxima segunda-feira (1/06). Este, no entanto, já ventilou que não quer o jornal de volta. Diante do impasse, o jornal fundado em 1920 pode fechar.
“O Sindicato se preocupa com os direitos trabalhistas e lamenta que a Gazeta Mercantil venha a desaparecer. Além da diminuição do já acirrado mercado de trabalho", afirmou Guto Camargo.
Na reunião no Rio os diretores da CBM disseram que a empresa se responsabilizará apenas pelas dívidas dos últimos cinco anos, quando deteve o licenciamento e uso da marca para publicação da Gazeta Mercantil.
A Assembleia desta quarta-feira havia sido marcada porque os jornalistas da Gazeta e da Editora Peixes, como parte da CBM, vêm trabalhando em meio ao caos, com seguidas quebras de acordos, atrasos constantes de salários (e até de fornecedores de energia elétrica e da gráfica terceirizada), informa o Sindicato paulista.
Pagando para trabalhar
Jornalistas também denunciam que foram cortadas na Gazeta as ajudas de custo às sucursais para pagamentos de telefone, internet e deslocamento para as reportagens. Pelo acordo feito com a empresa, os valores seriam incluídos no salário – não foi cumprido. Funcionários da Editora Peixes estão com salários atrasados, assim como PJs da Gazeta (alguns receberam na quinta-feira, dia 21/5).
O Grupo CBM também não depositou no dia 20/4 uma das parcelas do acordo feito na Justiça, no valor de R$ 400 mil cada (11 foram pagas). A dívida total deve ser quitada em até 35 parcelas. Credores pretendem obter a penhora de bens e ativos financeiros das empresas do grupo, inclusive o título, o que pode piorar ainda mais a situação da empresa.
Comunicado da CBM
A empresa comunicou a rescisão de uso da marca Gazeta Mercantil, assinado em 2003. Diz que “num grande esforço empresarial, e sensível às dificuldades por que passa o setor de mídia, a CBM decidiu proceder à realocação dos funcionários dedicados à edição do jornal para outras atividades dentre as publicações impressas e online do grupo”.
E prossegue: (...) "A CBM já manifestou formalmente à empresa de Luiz Fernando Levy que está disposta a colaborar para que se dê continuidade, sem interrupção, à publicação do jornal a partir de 1º de junho", mas reconhece que, "caso a empresa de Luiz Fernando Levy decida não assumir suas responsabilidades como editora do diário, o direito de uso da marca poderá destinar-se a entidade sem fins lucrativos criada mediante entendimentos entre funcionários e o Tribunal da Justiça do Trabalho, com vistas ao usufruto de rendas oriundas da comercialização do jornal. Estamos dispostos a colaborar com essa alternativa, caso ela seja de interesse de todos. Consultas nesse sentido estão sendo realizadas pelo Departamento Jurídico da CBM junto a autoridades competentes e funcionários", afirma a empresa de Tanure.
Fonte: SJSP