O jornalista Nyelsen Martins depôs ontem, quarta-feira, 25, no inquérito policial que responde no município de Anapu, no Oeste Paraense. Ele é acusado de calúnia por ter entrevistado um pistoleiro confesso daquela região. A matéria alvo da questão foi ao ar no dia 22 de janeiro deste ano, no Jornal SBT Brasil. A diretoria do Sindicato dos Jornalistas do Pará (Sinjor-PA) acompanhou o depoimento, que ocorreu no Departamento de Polícia do Interior (DPI), em Belém.
O delegado que preside o inquérito, Lindoval Borges, foi quem colheu o depoimento, que teve 02h30 de duração. Ele recusou-se a dar entrevistas. Ninguém na Superintendência da Polícia Civil quis falar sobre o procedimento aberto contra o repórter, sequer para explicar porque o jornalista está sendo investigado ao invés da denúncia trazida pela matéria.
O inquérito é considerado uma retaliação ao trabalho jornalístico e uma afronta à Liberdade de Imprensa, em nota oficial da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e do Sinjor-PA, lançada na semana passada, bem como por uma moção aprovada na Assembléia Legislativa do Estado, na última terça-feira, 24. A moção foi proposta pela deputada Regina Barata (PT). A nota oficial e a moção cobram providências da Superintendência da Polícia Civil, das Secretarias de Segurança Pública e Justiça e do Governo do Estado.
O pistoleiro Valdivino Farias da Abadia, que, na gravação afirma cobrar R$ 30 mil para expulsar sem-terras de fazendas à bala, inclusive com apoio policial, passou a alegar no inquérito que é portador de transtornos mentais. O advogado do SBT, Francisco Brasil Monteiro Filho, está bastante otimista quanto à prova da inocência do jornalista. Segundo ele, Nyelsen está amparado de farta documentação e, ainda, o inquérito reúne falhas em sua condução.
Fonte: Sindicato do Pará