A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) lançou hoje (20), "ENTREVISTAS DA FENAJ". Celso Schröder, secretário-geral da Federação e coordenador do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação é o entrevistado. Schröder respondeu a diversas perguntas sobre democratização da comunicação e campanha de valorização da profissão.
"O Jornalista" participou do lançamento do primeiro número de "Entrevistas da FENAJ" formulando três peguntas. Veja abaixo as respostas de Schröder para as nossas questões:
EFENAJ - Vitor Ribeiro, Editor do "O Jornalista", nos encaminhou três questões. Vamos por partes. Primeiro, na sua opinião, é correto grande parte da bilionária verba publicitária do governo federal ir para uma única organização de comunicação?
Schröder - Imagino que tenha diminuído um pouco a concentração de verba destinada do governo federal à publicidade. Sempre foi escandalosa a forma circular de investimento em publicidade que os governos brasileiros adotavam. Tendo a audiência como único referencial, criaram uma empresa à base de dinheiro público, que se tornou muito eficiente e com conseqüente audiência e depois usavam essa audiência para um permanente reinvestir de novas verbas. Ou seja, nunca entrou na equação qualquer resquício de política pública que tratasse a mídia com o sentido estratégico que deve ter. Isso construiu esse monopólio que conhecemos e que compromete a democracia brasileira. O governo deve construir uma política que, sem abrir mão da audiência necessária para divulgar seus atos, insira outras preocupações, entre elas a de reverter a situação vergonhosa de ocupar um dos últimos lugares no rankimg de leitura de jornal por habitantes, ou ainda promover a incidência do interesse público na maioria esmagadora das notícias veiculadas.
EFENAJ - Agora, a segunda pergunta do Vitor: uma melhor distribuição da verba publicitária governamental contribuiria para a democratização da comunicação ou não?
Schröder - Sem dúvida é uma condição inicial e inarredável. Embora tenhamos que ter em conta a escala de financiamento das grandes redes, que precisam ser democratizadas e não extinguidas, e o perigo da chegada das grandes corporações internacionais, o dinheiro público para verbas publicitárias ou financiamentos devem ser tratadas de maneira a reverter a concentração histórica reforçada durante a ditadura e mantida depois.
EFENAJ - O Editor de "O Jornalista" questiona, também, se o monopólio da comunicação no Brasil continua sendo construindo com o auxílio do dinheiro público?
Schröder - Não somente. Mas também. O dinheiro público criou e alimentou durante todo esse período o monopólio brasileiro. Hoje ele já é suficientemente grande para sugar, de maneira também monopolística, as verbas privadas que circulam no mercado. O que também é inconstitucional e que precisa ser regulado urgentemente, como é nos países democráticos.
Para ler o conteúdo completo da entrevista de Schröder, para o "Entrevistas FENAJ", clique aqui.