O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro supendeu as negociações com donos de rádio e TV. A entidade divulgou a iniciativa na comunicado abaixo:
"As negociações dos jornalistas do Rio com os representantes das emissoras de rádio com vistas ao acordo salarial de 2005 estão suspensas. A decisão foi tomada pela comissão do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, após uma frustrante reunião, ontem à tarde, com os representantes patronais. Motivo: depois de 20 dias sem dar sinal de vida, a comissão patronal, liderada pelo representante da TV Globo, Edmundo Lopes, comunicou simplesmente que não tem qualquer nova proposta a fazer. Dizem que querem dialogar e negociar, desde que a proposta deles seja a única da mesa, o que torna a mesa de negociação uma farsa que, em respeito a você, não podemos mais encenar. Ou seja: admitem só o reajuste de 5,8%, com pequenos abonos que não serão incorporados aos salários. Como reposição salarial das perdas dos anos anteriores, que chegam a 14,5%, nem um centavo. Para piorar, fizeram questão de sublinhar que o reajuste proposto não é sequer o dos 5,86% do INPC, mas apenas 5,8% - ou seja, míseros 0,06% a menos do que a inflação.
Na reunião, expusemos um minucioso estudo e dezenas de cálculos e simulações provando que nenhuma razão numérica pode justificar tanto pão-durismo. É maldade pura. Segundo o balanço da TV Globo disponível na Internet, a empresa, que faturou mais de R$ 4,5 bilhões em 2004, reduziu em mais de 7% os gastos de pessoal em relação à receita. A diferença entre o que o Sindicato reivindica e o que a TV Globo se propõe a pagar é de pouco mais de R$ 500 mil no ano inteiro, ou seja, meros 0,01% — isso mesmo, ridículos um centésimo por cento — do seu invejável faturamento. O Sindicato prepara um protesto contra a postura retrógrada da "quarta maior rede de TV do mundo" para divulgar na próxima semana junto à Organização Internacional do Trabalho (OIT) e outras instâncias internacionais.
Nas outras empresas, a diferença anual do reajuste chega a ser irrisória, havendo emissoras nas quais a insistência do patronato gera uma economia de pouco mais de R$ 300 por ano. Nos negam uma reposição salarial real para que sobre uma merreca no caixa, insuficiente para pagar as corridas de táxi ao Tribunal Regional do Trabalho, para onde querem levar a discussão do nosso aumento. O patronato engole em seco os números que apresentamos, mas continua firme em sua ideologia radical: mesmo tendo crescido mais de 30% sua receita em 2004, para os jornalistas que os enriqueceram oferecem um redondo zero de reposição real!
O Sindicato já começou os preparativos para defender os jornalistas na Justiça do Trabalho, caso realmente necessitemos ir a dissídio coletivo na defesa da sua dignidade e da nossa profissão.
No caso dos patrões de Jornais e Revistas, a situação chega a ser pior. Até agora não recebemos sequer um comunicado formal para prosseguir nas negociações. Eles também ofereceram um redondo ZERO como reposição real das perdas. Estamos aguardando um sinal de vida dos donos de jornais e revistas para convocarmos uma grande assembléia dos jornalistas do Rio, na certeza de que daremos um não a esse desrespeito com que você está sendo tratado. Aguarde a convocação, fale com seus colegas. A defesa da nossa dignidade está nas nossas mãos.
Essa maldade precisa acabar !!!"
