*Adalberto Wodianer
Marcondes
Uma antiga reflexão que alguns de nós jornalistas fazemos é sobre modelos de
financiamento à informação. Como fazer com que a informação que não tem lugar
assegurado nas páginas da chamada "grande imprensa", mas que seja relevante para
a sociedade tenha seu lugar nas páginas ou telas? Um modelo de financiamento à
informação que leve em conta as necessidades de transformação, educação,
reflexão e construção do mundo, da cidadania e da qualidade de vida nossa e das
futuras gerações.
Hoje a responsabilidade de financiar o jornalismo que a sociedade recebe é
das agências de publicidade. O modelo de organização destas empresas privilegia
resultados que possam ser dimensionados em milhões de espectadores e ouvintes,
centenas de milhares de leitores e outros grandes números. Ou seja, quando uma
agência de publicidade decide colocar a verba de seus clientes em anúncios em um
veículo, o que está sendo comprado é público. As empresas de comunicação, por
seu lado, sabendo que seu produto não é mais a informação, mas sim o volume de
leitores, passam a privilegiar conteúdos fáceis, sem nenhum questionamento ético
ou moral, coisas que dão público.
Ou seja, virou um mercado de compra e venda de público. O jornalismo fácil,
aquele que dá o que o público quer, este está recebendo dinheiro. O jornalismo
crítico, sério, que leva a sociedade a refletir e a mudar seus rumos, o
jornalismo que levou a grande maioria de nós para as faculdades de comunicação,
este está morrendo de inanição.
Vamos seguir fazendo o jornalismo que o público precisa. Vamos continuar
tendo o Jornal do Meio Ambiente, a EcoAgência, a Eco 21, a Ecologia e
Desenvolvimento, o Água on line, o Eco, a Envolverde, o Repórter Eco, a Terra da
Gente e muitos outros veículos que cotidianamente além de fazer jornalismo da
melhor qualidade lutam para sobreviver em um mercado onde não falta dinheiro,
mas sim visão de mundo.
*Diretor Responsável da Revista Envolverde (Revista
Digital de Meio Ambiente e Desenvolvimento)