Os jornalistas catarinenses vêm se preocupando nas últimas semanas com as condições que deveriam garantir o livre exercício da sua profissão. No último dia 21/03, o repórter Diego Santos foi proibido de acompanhar os treinos do Joinville Esporte Clube (JEC) pelo treinador do time, Artur Neto. Tudo porque o técnico simplesmente "não vinha gostando da cobertura" do profissional de "A Notícia".
Dois dias depois, em Itapema, o proprietário do jornal InfoBairros, Maurício Melato Barth, sofreu atentado na porta de casa, levando dois tiros após ameaça de morte. Segundo a vítima, reportagens em seu jornal quinzenal estavam incomodando certos setores na cidade.
Em três dias, dois golpes contra o jornalismo e contra a liberdade de imprensa. Em três dias, dois ataques não apenas a jornalistas, mas à sociedade que se prejudica toda vez que a informação deixa de vir a público.
A liberdade de imprensa é um valor que interessa não apenas aos profissionais da comunicação, mas a todos que aspiram por viver em um ambiente verdadeiramente democrático, que pressupõe inclusive o direito à contestação - por meio da argumentação e do debate - daquilo que é publicado pelos veículos de comunicação. Quem não suporta isso é que impede repórteres de trabalhar, que tenta resolver contendas pessoais na base da bala.
As pessoas que, por sua condição profissional ou social ou por qualquer motivo passam a freqüentar os noticiários precisam entender que o trabalho da imprensa não pode estar atrelado aos seus gostos pessoais. Não é abafando o trabalho da imprensa que se escondem escândalos, que se evitam notícias desabonadoras. Não é cerceando, censurando, vetando, impedindo o fluxo de informação que se consegue a melhor notícia, a que mais lhe agrade.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Santa Catarina e a Federação Nacional dos Jornalistas, mais uma vez, denunciam o desmando, a truculência e as formas mais vis de censura aos jornalistas.