Os jornalistas do segmento de rádio e TV de São Paulo rejeitaram a proposta de um reajuste de 5,8%, com abono de 35%. O Sindicato dos Jornalistas solicitou continuação do processo de dissídio ao Tribunal Regional do Trabalho-SP (TRT-SP) e a designação de nova Audiência de Conciliação, por não ter havido acordo com o sindicato patronal.
Rio de Janeiro também vive "dureza"
“Não vou me submeter a um princípio religioso das empresas e assinar um acordo sem qualquer ganho no índice de reajuste dos salários”, disse o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Rio de Janeiro, Aziz Filho, durante negociação com o Sindicato patronal de Rádio e TV local.
A proposta feita aos jornalistas cariocas pelos patrões em 9 de março, era de reajustar os salários pelo índice da inflação (5,8%, o mesmo índice de São Paulo, embora a data-base paulista seja 1º de dezembro e no Rio, 1º de fevereiro) e conceder abonos variáveis de 12%.
Segundo o texto distribuído pelo Sindicato do Rio, “durante três horas de reunião, as discussões giraram em torno de duas teses opostas. Do nosso lado, argumentamos que nos últimos três anos aceitamos reajustes inferiores à taxa inflacionária porque o país vivia momentos difíceis de recessão. Nada mais justo e natural, portanto, que num ano tão promissor, com um aumento de faturamento bruto com publicidade de 37,91% nas emissoras de rádio e de 33,15% nas TVs, os jornalistas possam ter uma compensação pelas perdas e um aumento real para começar a recompor seu poder de compra. Nossa pauta de reivindicações, aprovada em assembléia, consiste principalmente em reajuste inflacionário de 5,8% mais a recomposição das perdas, somando 21,25%, uma produtividade de 5% e o piso salarial de R$ 1.500,00 por cinco horas diárias.
A tese apresentada pelos patrões foi a de que, apesar de o país e o faturamento em propaganda terem crescido substancialmente, não há garantia de que esse ritmo de crescimento irá se manter nos próximos anos. Ou seja: quando há recessão, o jornalista perde salário porque as empresas não podem pagar; quando há crescimento e muito lucro, o jornalista também deve perder porque no futuro a economia brasileira pode parar de crescer”.
As empresas não apresentaram nenhuma contra-proposta para o valor do piso da categoria e não aceitaram discutir a formação de comissões de segurança nas redações, para avaliar os riscos da cobertura jornalística.