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Entrevistado: Antonio Carlos Fon

Antonio Carlos Fon é um grande jornalista. Mas, não no tamanho físico. Quem vê aquele baixinho e magrinho, não imagina a grandeza de sua história, do seu exemplo e do orgulho que ele representa para a imprensa brasileira. Com 57 anos de idade, Fon já passou pelos principais veículos do país e ganhou muitos prêmios. Entre eles os três primeiros prêmios jornalísticos Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, Prêmio Esso e alguns outros.

Fon combateu a ditadura militar e acabou preso. Foi torturado e processado com base na famigerada Lei de Segurança Nacional. Integrante da Aliança Libertadora Nacional foi um dos executores do primeiro ato público pela Anistia, no Brasil. Uma história que contou com o apoio da nação corintiana.

Filho de pai chinês e mãe baiana sertaneja, Fon conta que é neto de índia com negro, por parte de mãe. Da mistura de raças surgiu o pequeno grande guerreiro, que "O Jornalista" entrevistou.

Como foi ganhar a primeira edição do Prêmio Vladimir Herzog?
Quando saí da prisão, o delegado olhou para mim e disse: "Que bela matéria você tem, se pudesse escrevê-la". Ele disse isto com sarcasmo. Era um período de censura e ditadura, sabia que não poderia publicá-la. Mas, quando a revista Veja publicou a matéria "Descendo aos porões", ganhei o primeiro Prêmio Herzog. Foi muito especial para mim. Estava com um irmão preso, o momento era difícil.

Depois você também ganhou a segunda e a terceira edições do Prêmio. É verdade que chegaram a te pedir para não concorrer mais à premiação?
Ganhei as três primeiras edições. Meu maior orgulho! Isto ninguém me tira! De todos os prêmios que ganhei, tenho um carinho muito especial pelos Herzogs. Os companheiros falaram comigo na época "Fon: seria melhor você não concorrer mais. Já ganhou três, assim vai acabar desestimulando os outros de concorrerem." Não concorri mais.

Como foi o primeiro ato público pela Anistia, no Brasil?
O movimento pela Anistia estava restrito a uma pequena parcela da sociedade. Comentando com os companheiros, um deles disse que era preciso levar o movimento para as massas: "para a torcida do Corinthians". A proposta virou realidade. Com o  apoio da Gaviões da Fiel combinamos abrir uma faixa no jogo Santos X Corinthians, no Morumbi, pela Anistia Ampla, Geral e Irrestrita. Abrimos a faixa logo após a tradicional queima de fogos. A reação da polícia foi imediata e veio para cima da torcida, na porrada. A Gaviões enfrentou o pelotão e me protegeu. Não conseguiram me prender. Os veículos de comunicação estavam avisados que a torcida faria uma surpresa antes do jogo, mas não sabiam o que era. Quando a faixa foi aberta, a imprensa registrou tudo.

Fon contou ainda, que o sociólogo que participou com ele da façanha, não teve a mesma sorte. Torcedor do Santos resolveu deixar Fon junto à torcida do Corinthians e se juntar aos santistas. Quando se dirigia para o lado santista, a polícia o pegou. Fon, como bom corintiano acabou literalmente ficando do lado certo.

Em que período você presidiu o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo?
Foi no período de 1990/93

Como você vê a luta da nossa categoria? Não acha os jornalistas individualistas, com ares de sou acima do bem e do mal?
Os jornalistas não podem se achar acima do bem do mal. Fazemos parte da sociedade. Os jornalistas são trabalhadores e sua luta está inserida na luta de todos os trabalhadores.

Você é um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores e entrevistou várias vezes, para a revista Veja, o então líder metalúrgico Lula. Como foi isto?

O Lula certa vez reclamou comigo: "Puxa companheiro, as entrevistas mais bravas quem faz comigo é justo você". Falei a ele que estava apenas fazendo meu trabalho de jornalista. O jornalismo tem de ser imparcial.

Com toda a sua experiência profissional, qual o conselho para quem está começando na profissão?
Nenhum! Eu aprendi com os meus próprios erros e acertos. O caminho é este.

 

 

 
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